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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Dentro de mim vive um pássaro que quer ser livre. Ele se esconde na minha sombra e eu finjo que não percebo que aprisiono algo aqui dentro. Meu caso não tem solução. Sou esse pássaro engaiolado que não canta. Sou bicho que não conhece ainda o lugar em que quer estar.
Não sei olhar para trás quando escolho um novo caminho, talvez esse seja meu medo, escolher um novo caminho e não saber ou não querer voltar. Meu instinto é grosseiro.
Sou feita de sensações e o que morreu não me faz sentir. Há quatro anos voltei para o lugar em que todos diziam que eu deveria estar. Fiz de tudo para pertencer. Busquei em outras pessoas o motivo para a minha decisão de finalmente ficar. Não encontrei...Preciso de gente que faça voar, como eu sempre quis. Não era preciso me dar asas, muito menos me acompanhar no vôo. Só era preciso ser meu chão quando quisesse pousar. Não achei ninguém que não me limitasse. Eu não caibo nos limites a não ser no limite de um abraço bem apertado.
Sempre achei que criar laços me aprisionaria, me transformaria naquilo que eu não gosto de ver no outro. Ingênuo engano. É nos laços bem apertados que eu encontro a razão para ir e vir, sabendo que não importa a direção, o laço continuará lá, firme.
Passo em frente a casa das minhas descobertas e percebo que esqueci o que aprendi. Preciso me encontrar e eu me encontro totalmente alheia a isso tudo. Meu temperamento arisco me faz caminhar.
Dentro de mim cresce uma vontade que já não consigo conter. Meu coração explode em ritmo descompaçado. Minha música corre solta. Deixo meus rastros na esperança de alguém conseguir me acompanhar.
Minhas cicatrizes servem de mapa para que desvendem meu corpo. Para que descubram, enquanto ainda não sei quem sou.
Minhas relações tem prazo de validade e se mudo tanto a todo instante é para salvar o que eu sinto. Já não sei o que mudar, desconheço novas formas de recomeçar.
Dentro de mim habita esse pássaro sem asas que já não reconhece seu vôo. Como se desatam os nós de laços que se desfizeram?
Quando pensei que precisava só de um chão para descançar das minhas idas sem rumo, não imaginava que, talvez, as minhas idas sem rumo acompanhadas de alguém, me levassem ao lugar que me aquiete.
Sem nomes, sem regras, são assim os caminhos que quero seguir. É assim que quero ser, sem precisar explicar, sem ter a necessidade de engaiolar. Não pertenço a nada e isso me faz pertencer a tudo. Sou tudo e posso depois ser nada. Depende dos olhos de quem me ve passar voando.

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