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domingo, 30 de dezembro de 2012

Meu caminho não pertence a ninguém, meu futuro não tenho idéia de onde vai me levar, mas eu sei aonde eu guardo meu passado. Quem me quer sabe aonde me procurar, porque é impressionante como eu fico impregnada na lembrança das pessoas. Passe o tempo que passar é lá que eu estou, naquela foto antiga, naquele beijo esperado, na saudade que não sufoca mais.  Pode passar o tempo que for, ele poderia ter sido tanta coisa e quis ser só saudade. As vezes eu queria ser isso; Saudade. Por que será que quando eu sou o agora eu não sou presente? Ele foi meu presente, meu passado e não importa quem venha no futuro lá estará ele, sem querer sendo lembrado, sendo comparado, sendo guardado. Foi meu beijo mais doce, meu abraço mais triste, meu encontro marcado com a certeza de que só sabem gostar de mim de longe...Eu aceito que de longe é mais fácil me entender.
Ele voltou, como prometido, como reservado em alguma parte do meu querer. Sabendo exatamente da onde a gente parou e porque a gente parou. Não foi de brincadeira. Foi tão real que ainda levo as cicatrizes de uma história mal escrita. Eu sempre quis esperar e ter a certeza de que eu esperei porque acredito em histórias de amor. É amor, porque amor não acaba e não acabou...Como sempre traço minhas histórias nas reticências. Já não doi mais, é gostoso de lembrar. É fácil guardar e preservar. É que tudo volta e esse ano voltaram tantos com as promessas que antes não haviam cumprido. Vieram com a certeza de que tudo passa e o que não passa é porque não tem motivo para ser esquecido. De todos que retornaram para o meu presente só um eu embrulho e guardo na minha caixinha de histórias eternas. Acho que é minha sina andar sempre na contramão do tempo e da vontade. Vieram recheados de novas ilusões, de certezas que antes só eu tinha e de histórias vazias. Eu não quero ser vazia...Mas é que todos me jogam para o futuro, como se eu fosse livro que pode esperar o momento certo de ser aberto e desvendado. Eu acredito que existe mesmo essa história de momento certo, mas o que eu posso fazer se eu sou sempre tão incerta?
Procuraram, encontraram no mesmo lugar em que haviam deixado. Não mudo tanto assim, ainda acredito nas palavras e guardo atitudes impensadas para provar que eles vem sempre com armaduras, mas não para me defender do dragão, mas sim, para se protegerem...Não vale a pena me guardar, tenho prazo de validade e quando chega o dia de eu ser de alguém não me encontro com ninguém.
Talvez eu seja isso mesmo, história para ser guardada, saudade para ser lembrada, um livro bonito na estante que é difícil de ser compreendido.Que muitos gostam, mas só sabem olhar a capa.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Tenho um novo costume. É que preciso de novidade, não só por mim, mas pelos que estão a minha volta. Essa é uma forma do meu tédio não se transformar em surto, noia, brigas e afins. Só estou preservando minhas relações quando resolvo ter uma nova mania. Não escolho ela, simplesmente aparece eu vou indo, até me cansar...Gosto de conversar com pessoas que não conheço. Pode ser de qualquer lugar, mas meus preferidos são os taxistas e aqueles caras que ficam  do outro lado do balcão servindo uma cerveja ou pinga para aqueles seres tão solitários dos botecos dessa cidade. A conversa varia, pode ser sobre futebol, desilusões amorosas ou o que virou notícia no jornal. Confesso que meus temas favoritos ainda são os dois primeiros. Primeiro porque conheço pouca gente que não goste e futebol e acho que não conheço ninguém que nunca tenha amado. Chego a conclusão que futebol e amor combinam, bom, pelo menos em conversas jogadas fora...
Quando eu era mais nova não gostava de entrar em táxi sozinha. Achava uma intimidade meio forçada, duas pessoas que não se conhecem sozinhas em um ambiente fechado. Ainda tenho um pouco de medo dessa situação, mas quando o assunto flui esqueço esse meu pensamento medroso. Só comecei a me sentir mais segura nessas ocasiões quando morei em Buenos Aires. Era só entrar em um taxi que a conversa já estava preparada na ponta da língua do taxista, no começo eu meio tímida e não querendo mostrar meu sotaque só falava meu itinerário e fingia indiscretamente que lia algum livro ou que estava muito ocupada com meus pensamentos, mas fui tomando gosto pelas conversas que vinham de seres que eu nunca tinha visto e que provavelmente nunca mais iria ver. Os assuntos variavam, política e futebol eram os assuntos preferidos. Aprendi sobre todos os times do campeonato "Clausura" e entendi sobre um governo tão contraditório. Algumas corridas paravam na porta de casa e o assunto não terminava, era uma pena, são tristes estes cortes brutos.
Aqui no Brasil não conheci taxistas tão animados a falar quanto os porteños, mas as vezes dou sorte e encontro algum que sabe como começar um assunto sem cair no vazio. Começando quase sempre pelo tema futebolistico e indo para divagações sobre a vida.
Conheci um, certa vez, que adorava signos. Assim que entrei no carro disse: "Ariana não é?". Já me impressionei com a abordagem para início de diálogo e até pensei em fazer um caminho mais longo. Respondi com um sorriso que dispensária qualquer resposta falada, me orgulhando do fato de ser ariana. O senhor então sentado a minha frente com atenção firme ao trânsito apenas respondeu. "Coitado dos que vivem com você." Disfarcei meu desapontamento questionando o porque de tal afirmação injusta. "Ariana é mulher difícil. Complicada demais." E por mais que eu tentasse entrar em temas mais amenos ele conseguiu fazer uma boa análise de mim apenas pelo signo. Acho meio bobo esse negócio de mapa astral, signos, ascendentes, mas admito que em grande parte ele estava certo.
Outro dia entrei em um táxi sem muita vontade de exercitar meu novo prazer de conversas estranhas com gente esquisita. Apenas sentei, falei para aonde queria ir e me calei. Deixando aquele silêncio desconfortável tomar conta da situação. Mas esse era um daquelas pessoas que te amarram na conversa sem que você perceba. Eu caladinha noto que sou observada e antes que possa vir aquele meu medo infatil da inimidade forçada o cara de cabelo bem preso em um rabo de cavalo comprido e cacheado já dá a introdução a um tema polêmico. " É você tem o coração na sola do pé."
Queria uma definição para tal expressão. Simples, ele assim que me observou já tirou a conclusão, sem saber meu signo, de que eu chutava corações.
Se o que ele queria era uma conversa amena sobre a vida e os amores, ou sei lá o que, recebeu uma tonelada de informações que desmistificavam a impressão que ele tinha a meu respeito. Não adiantou muito eu contar meus casos amoros, minhas dores de amor. As conclusões dele só pioravam. "Nossa, mas você é muito complicada menina. Não é culpa desses seus mocinhos não. Você não termina nada que começa." Nessa hora eu achei que meu pai o havia contratado para ter uma conversinha comigo.
Então ele me contou sobre sua vida, sua mulher, seus amores. Sobre a hora em que ele descobriu quem era o amor de sua vida e essas histórias que só me distanciam mais ainda desses romances água com açúcar em que é preciso inventar um caos para ter graça.
Chegamos ao meu destino. Paguei, agradeci pela conversa e sai no meio de uma chuva forte. De dentro do carro o taxista viu uma menina vestida para uma festa de alegria forçada. Cabelo já desarrumado, maquiagem já borrada. Comecei a andar para a festa ele ainda abriu a janela do táxi para sua última grande conclusão. "Você deve ser cruel. Menina complicada você. Só que está carente e mulher carente fica com esses caras que não entendem nada. E você pode me contar o drama que for. Quando te olham sabem que você tem o coração na sola do pé."
O carro se afastou e eu fiquei lá, na chuva...Tentando entender a minha natureza complicada que se fecha com medo de machucar e acaba se machucando para evitar a minha essencia. Destruo o que construo. Como brincadeira de lego perco as peças e acabo com construções vazias.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Tenho saudade dos meus amigos. A gente se perde das pessoas sem se dar conta. Não é porque elas não são importantes na nossa vida, é porque a gente se acostuma a tudo. Mas esquecer, isso não.
Enfim, um desses amigos que são eternos, independente da distancia e dos caminhos escolhidos me ligou hoje. E embora eu não goste muito dessa coisa de telefone e prefira mil vezes uma conversa olhos nos olhos, foi muito bom escutar sua voz.
Em um dos momentos da conversa ele chegou a uma conclusão. "Você mudou muito. Não percebeu? Tá tão desencanada..."
É, acho que eu estou começando a aceitar o fato que de que já não me importa tanto. Essa pressão, todo esse tumulto para que tudo se resolva, para que não existam pendências na vida. Eu quero mais é que o tumulto invada meu corpo e faça música com meus sentimentos. Pois é, eu sou tão inconstante que aprendi a aceitar com paciência que não serei o que esperam que eu seja. Querem que tudo seja definido e o pior definitivo.
E que pressa é essa? Tudo tem que ser já. Deixemos os prazos, essas metas para os escritórios. Na minha vida eu quero poder querer e depois de dois minutos não querer mais. E poder não dar nome a aquilo que todo mundo faz questão de definir.
Sem pressa. Quando a saudade aparecer, ou a vontade transbordar a gente volta a história, recomeça, inventa um novo começo.
Não me venham com a teoria, com a forma ou fórmula exata. Não funciona, nunca fui boa em matemática e muito menos em relações...Ou seja, que nada nos prenda. Nomes, prazos, definições. Eu quero muito mais que isso e se no final não for nada do esperado, melhor. Adoro surpresas!
Quando me dizem "você merece muito mais..." Eu fico pensando. Porque sempre esperam que eu queira mais? Ou que eu espere mais? Eu só quero o instante, aquele momento e se me falam o tempo todo o que eu mereço eu começo a entender que não adianta a minha escolha, sempre vão achar que eu preciso de mais. Eu não quero mais....Em todos os sentidos o que eu quero agora é ter a liberdade de dizer a quem quiser ouvir...Não me digam do que eu preciso. No fundo no fundo do que eu preciso está aqui, bem ao alcance das minha mãos. Momentos, histórias e porque não saudades guardadas. É disso que eu preciso no momento. Nada mais...E que a paixão cuide do que tiver cuidado. O resto é apenas sobra de histórias mal vividas.
Me dá uma chance?
Como se eu mandasse na minha forma de não dar espaço para oportunidades.
Eu espero, não tem problema...
Mas é preciso mais do que paciencia para perceber que meu molde não se encaixa assim com um beijo sem história.
O problema é que eu sou romântica, demais até, e guardo pequenos gestos em lugares tão especiais que é difícil eu por um basta nesses romances mornos.
Por que é que eu não desisto? Eu desisto, mas é aos poucos e quando dou por mim me pego pensando aonde é que eu guardei todo esse sentimento que eu sentia.
É que eu tenho tanto medo da saudade...Tenho tanto medo de não saber mais sobre aquela pessoa, ou pior, tenho mais medo de não querer saber e mesmo assim doer quando sem querer a gente lembra.
As coisas são como são, ou pelo menos deveriam ser. Se eu digo que estou cansada é porque eu estou cansada. Não existe meio termo para isso e não entendo quem interpreta tudo como algo a mais. Se eu digo que não, geralmente é não. Se mudo minha idéia ou opinião sou a primeira a correr atrás daquele não e transforma-lo em sim. Só não me pressionem. Porque ai sim, sai tudo ao contrário.
Então eu sumo. Faz parte do meu show de ilusionista brincar com meus sentimentos e transforma-los.
Me  perguntaram se, caso eu tivesse a oportunidade de apagar alguém da minha memória eu apagaria.
Pensei...não, não teria coragem de apagar as tatuagens que marcam meu corpo. Falei baixinho os nomes que tantas vezes pronunciei, só para ter a certeza de que ainda consigo sentir o que sempre senti. Só para saber se meu corpo ainda sentia o cheiro e se acaso ainda tremia ao reviver todo o filme na minha memória. Se, talvez, eu esquecesse...será que eu voltaria a me apaixonar pelas mesmas pessoas?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Um dia escrevi sobre meus enterros de amor. Todo ritual e minha forma nada convencional de esquecer...Um dia prometi que não seria a última vez e que não importaria o tempo eu esperaria. Sem perceber, eu esperei e me guardei para o grande dia em que tudo voltaria a ser como um dia, deitada em minha cama eu sonhei que seria. Dizem que se na vida a gente tiver um grande amor já é muita sorte e eu aceitei isso e me condicionei a aceitar que meu grande amor ficou lá, guardado esperando o momento exato de voltar. E ele voltou, voltou de forma lenta e doce, inesperadamente, assim como foi inesperada a separação inevitável. Com ele veio uma nova forma de entender o que sou e o que quero. Não fui eu que esperei, foi ele quem esperou o tempo certo de entender o nosso tempo. E o nosso tempo ficou lá atrás junto com o cheiro que até hoje me dá nó no peito. Ele foi meu grande amor. Mas não foi o único...Porque entendi que algumas pessoas a gente enterra, porque morreram dentro da gente. Só que é impossível matar dentro de nós essa saudade gostosa que vem da lembrança do que nos fez bem.
Azar de quem não teve um grande amor. Não precisaria nem ser grande, bastaria ser amor e foi. Do meu jeito sempre errado...foi. Aprendi assim, a esperar e nas minhas esperas longas nunca encontrei alguém que entendesse que minha forma de gostar não vai embora com a distancia ou com o tempo. Eu me alimento disso. É da ausencia que me vem sempre a certeza de que algumas histórias só podem ser escritas de longe.
Não me assustou sua volta, me assustou perceber que meu corpo já não tinha o mesmo ritmo do dele e me assustou mais ainda entender que existem mesmo coisas que são eternas e que pode passar o tempo que for minhas esperas sabem exatamento o momento em que parei e entendem que continuar talvez não seja avançar, mas manter essa história sempre presente, sem que se perceba, solta no ar.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Me de um tempo! Se fosse a muito tempo atrás...
Então aceite só mais essa noite. Que essa é a nossa última e ficará na lembrança, com o gosto aflito pela espera tardia. Paixões. Na calada da noite te peço e me despeço. Tornando o que era nosso, perdido na história. Assim como ficarão pedidos os olhos buscando a vontade que adormeceu nessa noite escura.
Acorda, vem olhar a Lua. Vem sentir o cheiro da minha saudade anunciada.
Vou deixar voce dormir só mais um pouquinho e te observar fazendo que nosso silencio fale por mim. Nas asas da noite me precipito e mais uma vez na minha forma incoerente de ser desenho com minha sombra o limite da minha espera. Só me encontro quando me perco.
Não acenda a luz, espera só um pouquinho enquanto eu escondo minha dor. Acho que ainda não sei o que fazer com a paz dessa noite fria.
Risca o céu estrelas cadentes e lhe faço o pedido de não te encontrar tão perdido. Olhos que me olham e não podem me alcançar. Nesse jogo de quem procura a gente já não consegue se encontrar. Derramo minha doçura e te encontro no meu momento mais perfeito.
A única coisa que entendo é que não me encontro com ninguém. Sou adversa ao que faz sentido. Porque o que faz sentido, não me faz sentir.
Gira mundo...e por mais que as coisas voltem todas ao seu devido lugar eu pareço nunca estar no ciclo em que deveria estar.
Faz tanto tempo que o tempo não para que já perdi a noção e a conta de quanto tempo faz. Para só um pouquinho, para. Deixa eu dormir essa noite sem o peso de ter que definir meu destino.
Sossega relógio! Só hoje me deixa ser criança outra vez. Não acelera tempo meu, que o peso de seus ponteiros me entristecem.
Nostalgia do tempo que se esfarela pelo ar, me deixa dormir protegida no colo de meu pai.
Que essa história continua escrevendo em meu corpo a história de quem sempre briga com as horas. Não é agora. Não é nosso momento. Nunca chegarei a tempo passar e eu ficar. Tranquiliza medo meu, que nessa brincadeira de ver as horas passarem, uma hora ela não passa mais. Que peso novo é esse que me deixa encurralada e acuada como bicho livre que é preso?
Por que me limitam e me pedem para ser o que nunca conseguirei ser? Passa tempo, faça de minhas histórias sem final, passatempo.
Roda mundo e não passa meu passado, me lembrando a cada novo passoa promessa do "pra sempre".
Tempo que aquece a saudade e eterniza paixões, mas que está sempre no contratempo do que vivo. Passa tempo e por que não passa esse jeito arisco de brigar contra o caminho que encontro? Meus personagens já não cabem em mim. E ao ve-los soltos a minha frente me pergunto quem sou eu. Nesse monte de histórias não me encaixo com ninguém. Nem comigo. Então para tempo meu, só para que pelo menos por esse minuto eu não veja nosso tempo voar pelas mãos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pega na minha mão, fala baixinho no meu ouvido. "Vamos embora". É disso que eu gosto, da parte de ir embora. De ser a lembrança que invade sentimentos que se enredam no corpo do outro e que assim, sem que se perceba, faz falta. Beija meu rosto, me enlaça em um abraço apertado. É isso que eu quero laços...
Posso estar esperando muito do futuro e quem sabe, agora não seja o amanhã que eu tanto quero.
Posso ir para longe, bem longe? Não precisa vir junto...Mas me espera? Quanta espera nas minhas histórias.
Conversas de bar em bar. Uma história simples de se contar. Mas, e se...não, sem talvez dessa vez.
A frase que mais tenho escutado nos últimos tempos é "Voce sumiu". E a minha resposta é sempre a mesma "Desculpa". Não tenho justificativa para meus sumiços. O fato é que eu venho tentando, eu tento estar em todos os lugares mas estou sempre pela metade em tudo que faço. Preciso de um tempo, preciso respirar e sinto muito não sei viver sem ser assim, sozinha.

O que é que está acontendo? Sinto muito...Conheci alguém que me disse "vem que eu cuido de voce". Não quero que cuidem de mim, não quero nada do outro. Não consigo me acostumar a precisar de alguém. Estou cansada. É cansativo criar e recriar histórias o tempo todo em minha mente.  "Voce não pode ser assim", '"voce não decorou seu texto", voce não disse que ia sair comigo hoje?", "cade voce?", "voce não tem foco na carreira", "voce precisa emagrecer uns quilinhos", "voce não tem mais idade para isso", "chega desse cara, voce merece coisa melhor","quer ir no cinema comigo?", "voce não me procura", "voce precisa trabalhar em algo sério", "isso não é ser atriz!", "quantas peças voce viu esse mes?", "quando voce vai levar algum homem a sério?", "ainda com esse cara?", "já fiz a nossa programação", "voce não vai dar conta", "para de brincar de casinha, voce não vai aguentar", "tia, voce me leva na aula hoje?", "Porque voce não me ligou?", "aonde voce estava?", "eai vai resolver ficar comigo direito quando?", "voce só faz escolha errada", "é ridículo voce não sair com a gente", "tá na hora de casar", "se voce não for atrás voce vai ser uma atriz de bosta", "desiste, muda de profissão", "eu desisti de voce", "ele é gente boa. Da uma chance'..."Voce sumiu..."
Pois é sumo, assumo que eu procuro em tantos espaços a resposta que não encontro. Aqui, dentro de mim minha alma grita sufocada. Não me encaixo com ninguém e quando percebo isso me assusto, recuo e volto para a etapa inicial das relações. Desculpa não procurar, ou não ir atrás é que por baixo da minha armadura de mulher feita, sou feita de medo, muito medo. Tenho medo de gente e muitas vezes fico cansada delas.
Quando começo a entender o outro me afasto porque não sei o que fazer com o que sinto. Pausa. Posso respirar? Posso ter mais um tempo antes de estragar tudo?
Medo, medo, medo...O que eu faço com voce? Não encontro mais desculpas para tudo que deixo para trás. Não me arrependo, mas vou perdendo...O que não entendem é que nos meus sumiços repentinos eu não esqueço. Preciso estar longe para ver com clareza o que me faz falta.
O que é que me faz falta? Falta tanta coisa o tempo todo que a gente se preenche de coisas que nos deixam ainda mais vazia. Eu quero completar meus espaços vazios com o que encontro nas pessoas, mas é que eu tenho encontrado tanta sombra...Eu vou dar um jeito. Vai passar e vai passando gente, tempo, histórias. E que passe saudade e esse meu jeitinho complicado de gostar.
Silencio...eu não sou feita de palavras..é preciso provar o sabor do que eu sinto.



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Uma de minhas melhores amigas vai se casar.  E como é bom fazer parte de mais uma das muitas etapas que já vieram e que ainda virão. Tem gente que passa a vida toda procurando alguém que se encaixe no nosso abraço, que queira compartilhar do nosso passado, viver nosso presente e contruir junto um futuro. Acredito em alma gemea. Em duas pessoas que se encontram no meio da multidão. Mas assim que minha amiga me contou da sua decisão de juntar as escovas de dentes pensei..."Por que?"
Procurei as respostas para minha pergunta e encontrei algumas coisinhas...
1- Vida a dois. Aquela coisa de dormir e acordar juntinhos todos os dias, de ter o lugar certo na cama, de criar uma rotina nova, de se recriar. Querer voltar para casa todas as noites para partilhar o que aconteceu em seu dia ou simplesmente para esquecer de seu dia nos braços de quem tem o abraço que te alimenta. É matemática pura, somar, dividir, multiplicar...
2- Liberdade. Sim, liberdade de ir e vir e saber que aonde quer que voce esteja lá estará ele junto para ser o amparo, o apoio ou a própria asa que te faz voar.
3- Lar. É alí que eles se encontram, para sonhar com a vida que querem levar. Simbolo da união de duas pessoas que se querem bem. Lá, no lar porto seguro do amor.
4 -Família. Construção demorada e duradoura.
5- Os domingos. Dizem que nos domingos a gente descobre quem é casado. É quando a gente observa claramente os casais a nossa volta. É dia de calma, dia de jogo de futebol. Último suspiro antes do começo da semana. No meio daquele tédio de final de tarde. Lá está ele seu companheiro para as alegrias e domingos monotonos.
6 - Sexo. Ah o sexo. É ter sempre o cheiro do outro na pele. É descobrir pouco a pouco o mapa do corpo do outro. Criar e recriar.
7- Dinheiro. Dizem que casais que compartilham finanças são mais estáveis e tendem a acumular mais patrimonios.
Enfim, achei milhares de motivos que fazem com que uma pessoa queira dizer aquele tão aguardado "Aceito". Mas só me convenci com uma razão.
Casa-se porque se ama. Não há outro motivo que justifique. Casamento é a união de duas almas que se encontram e que já não veem motivo para não estarem coladinhas uma na outra. Casa-se para dar ao amor seu melhor tempero. O tempo.
Me pediram para escrever sobre casamento. Casamento? Logo eu que nem sobre namoro sei...Fiquei pensando a respeito. Como falar sobre algo que desconheço?
Procurei encontrar alguma relação que me inspire a falar sobre esse bicho invisível que deixa nosso coração apertado e nos faz de repente amar...
E vejam só que ironia...encontrei em uma relação que não presenciei. Minto, presenciei sim, presenciei dia a dia nos olhos de uma mulher que nos últimos 40 anos foi fiel a um amor sem igual. Quando, na minha inexperiencia sobre relacionamentos, lhe perguntei o que era casamento ela me respondeu: "É a união de duas almas". Achei a resposta tão cliche, embora, pensando melhor, casamento é uma coisa tão cliche quanto "Casaram-se e foram felizes para sempre..."
Mas minha avó foi mais fundo em sua resposta padrão. "é uma união de almas. Há 40 anos meu marido foi embora, mas eu o sinto presente a todo momento, a todo instante...Casa-se porque se ama.".
Amor que se alimenta do tempo. Que é chama e quando um já não está presente o outro a alimenta pelos dois. Talvez seja isso que eu veja nos olhos de minha avó. Uma chama que não se apagou e que segue lá constante, como são constantes os minutos que os separam...
O amor é cafona, como diria o compositor, é o ridículo da vida, mas seria mais ridículo passar a vida toda com medo de amar.
Enfim, voltando ao tema casamento. Casa-se para confirmar algo que foi construido dentro da gente. Se casa pelo desejo do eterno, do para sempre. Se casa pelo cliche que é viver e deixar viver.
E eu que no começo de meus pensamentos pequenos achava que não entendia e não poderia falar sobre relacionamento começo a mudar de opinião, porque sou assim mesmo, inconstante. Nas minhas relações desastradas e sem título eu busco algo que as torne eternas, pelo menos em minhas lembranças.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Na minha vontade de sempre abraçar o mundo, encontrei, mesmo sem procurar, olhos que me buscavam. E assim começou, como sempre começam minhas histórias. Olhares...
Olhei atentamente para entender o que aqueles olhos tão distantes daquela realidade, queriam me dizer. Fui pacientemente escrava do tempo e pouco a pouco fui decifrando as atitudes sempre desmedidas que passavam desapercebido por quem apenas olhava e não enxergava. Prometi para mim mesma, da mesma forma sempre exagerada, de que abraçaria uma causa que não era a minha e que protegeria o que para mim sempre pareceu tão delicado. E fui criando um laço de uma certa ternura que maltratava no peito. Olhares perdidos me causam, sem que perceba, uma certa vontade de entender o que se passa dentro deles.
Fui virando o porto seguro, como eu sempre quis...Depositava nele minha segurança e os meus excessos. Dava a ele a oportunidade de ser querido e entender que é possível ser querido na nossa forma mais bruta. E isso foi brutal para que eu entendesse que eu protejo demais aquilo que me faz bem e que me protejo demais daquilo que um dia talvez me faça mal.
Assim passou o tempo. Eu sempre atenta, sem mais tentar, pois já entendia tudo que aquele olhar queria me passar. Mas meus momentos de distração, me enganam e me trazem uma segurança que as vezes não condiz com a realidade. E dessa forma quase sem querer, fui pouco a pouco perdendo espaço. E quando percebi que iria ter que batalhar muito para tentar, quem sabe, fazer a diferença, sai de cena.
Sempre o encontro, passando pela rua ou sentado na porta de casa. O observo e já não tenho vontade de enxergar. É um olhar que maltrata, que me maltrata. Porque vejo ali que desisti e eu não queria ter desistido, mas é fraca essa minha vontade de sempre abraçar tudo e a todos tão fortemente.
Quando passo por ele e dou as costas uma palavra me enreda. "Desculpa". Talvez eu tenha feito a diferença, tenha mostrado um mundo melhor do que esse que cheira a cigarro barato. O fato é que nunca vou saber se eu pude minimamente ajuda-lo a entender que o mundo é muito melhor do que essa realidade forçada que nos fazem acreditar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Devagarinho saiu de cena. Sou atriz de meus sentimentos. Sem pedir que me esqueça vou buscando novos grandes amores. Eu ja reservei meu espaço nas suas vontades guardadas. Te jogo fora para ter novamente o que procurar. Não se preocupe tenho um encontro secreto com suas lembranças.
Quanto tempo vai demorar para a gente aceitar que funciono na base da saudade?
Do que você fala quando você me diz tudo que corre solto no seu pensar? Tenta entrar aqui dentro para sentir o que é o tédio de mais uma história repetida. Uma voz nova não sai da minha cabeça. Finjo não escutar que preciso viver, e não mais apenas passar. Deixa a passagem para o tempo. Já entendi que com ele não posso brigar.
Continuo igual. Do jeito sem jeito de menina deixada no portão. Com a frase martelando minha lembrança. " Não é a última vez." E nunca será. Porque nas minhas histórias sempre repetidas não há espaço para ponto final.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Dentro de mim vive um pássaro que quer ser livre. Ele se esconde na minha sombra e eu finjo que não percebo que aprisiono algo aqui dentro. Meu caso não tem solução. Sou esse pássaro engaiolado que não canta. Sou bicho que não conhece ainda o lugar em que quer estar.
Não sei olhar para trás quando escolho um novo caminho, talvez esse seja meu medo, escolher um novo caminho e não saber ou não querer voltar. Meu instinto é grosseiro.
Sou feita de sensações e o que morreu não me faz sentir. Há quatro anos voltei para o lugar em que todos diziam que eu deveria estar. Fiz de tudo para pertencer. Busquei em outras pessoas o motivo para a minha decisão de finalmente ficar. Não encontrei...Preciso de gente que faça voar, como eu sempre quis. Não era preciso me dar asas, muito menos me acompanhar no vôo. Só era preciso ser meu chão quando quisesse pousar. Não achei ninguém que não me limitasse. Eu não caibo nos limites a não ser no limite de um abraço bem apertado.
Sempre achei que criar laços me aprisionaria, me transformaria naquilo que eu não gosto de ver no outro. Ingênuo engano. É nos laços bem apertados que eu encontro a razão para ir e vir, sabendo que não importa a direção, o laço continuará lá, firme.
Passo em frente a casa das minhas descobertas e percebo que esqueci o que aprendi. Preciso me encontrar e eu me encontro totalmente alheia a isso tudo. Meu temperamento arisco me faz caminhar.
Dentro de mim cresce uma vontade que já não consigo conter. Meu coração explode em ritmo descompaçado. Minha música corre solta. Deixo meus rastros na esperança de alguém conseguir me acompanhar.
Minhas cicatrizes servem de mapa para que desvendem meu corpo. Para que descubram, enquanto ainda não sei quem sou.
Minhas relações tem prazo de validade e se mudo tanto a todo instante é para salvar o que eu sinto. Já não sei o que mudar, desconheço novas formas de recomeçar.
Dentro de mim habita esse pássaro sem asas que já não reconhece seu vôo. Como se desatam os nós de laços que se desfizeram?
Quando pensei que precisava só de um chão para descançar das minhas idas sem rumo, não imaginava que, talvez, as minhas idas sem rumo acompanhadas de alguém, me levassem ao lugar que me aquiete.
Sem nomes, sem regras, são assim os caminhos que quero seguir. É assim que quero ser, sem precisar explicar, sem ter a necessidade de engaiolar. Não pertenço a nada e isso me faz pertencer a tudo. Sou tudo e posso depois ser nada. Depende dos olhos de quem me ve passar voando.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Que a vida é a arte do encontro não posso negar. O fato é que passamos a nossa vida nos encontrando com uma quantidade infinita de gente. Hoje ao tentar dormir, me deparei com aquela saudade escondida que aparece apenas quando o sono não chega. Quanta gente passa pelo nosso caminho? Quantas cruzam nosso destino sem pedir permissão e vão ficando, ficando até se tornarem tão essenciais e importantes que fica impossível tira-las de nosso futuro?
Pois é...E embora haja a necessidade do encontro, o desencontro é fatal. E embora tentemos sempre seguir ao lado de quem gostamos é egoismo tentar manter tudo sempre da mesma forma. Mudar assusta e dizer tchau e encerrar conversas que nao tem mais gostinho de quero mais, machuca. Como é dolorido o desencontro, mas como é feliz o doce encontro.
Tenho tido longos encontros que deixam ainda mais dolorido os desencontros que vem sem ao menos a gente perceber. Acontece que escolhemos tanta coisa o tempo todo que vai escapando do nosso controle ter tudo sempre ali. E é preciso optar...Odeio despedidas. Mas quem é que gosta de dizer adeus ao que faz bem? Doi...Doi muito, mas acredito que doa mais saber que a gente se acostuma...E que cedo ou tarde vai ficando esquecido no fundo da nossa saudade aquilo que era fundamental antes.
Como é difícil escolher...Olhar para trás e saber que se foi feliz e mesmo assim largar mão de tudo isso por algo novo, por uma nova experiencia, por um frio na barriga que já não existia mais.
Sabe, é estranho como tudo toma um rumo que escapa de nossas mãos fazer grandes planos. Meu plano era nunca ter plano algum. Planejei isso tão bem que acabo sempre perdida entre meus desejos, minhas vontades e meus sentimentos que, nao aceitam seguir a ordem natural das coisas. Eu queria não ter que me despedir. Eu queria que fosse quase sem querer essa coisa que faz com que tudo mude tão rápido. Parece que o tempo, como sempre, brinca comigo.
Não me deixem saber que é a última vez. Que amanhã o que estava hoje aqui ao meu lado já não estará mais. Nao aceito, nao quero e não acredito em despedidas.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Quantas coisas a gente pode encontrar dentro do olho de algumas pessoas?
Quanto sentimento cabe ali dentro?
Quantas vontades guardadas?
Quantas verdades não ditas...Eu gosto de desvendar olhares, mas gosto ainda mais de olhos que se atraem e que dizem mais do que palavras soltas. Gosto de quem me entende pelo olhar e de quem me desvenda só ao me observar.
Existem sentimentos que se acabam entre o partir e o ficar. E nos lábios? O que é que atrai tanto uma boca a encontrar a outra que se encaixe?
Bocas que dizem palavras repartidas e que beijam vontades que já não tem razão de ficarem escondidas. Lábios que soltam sorrisos de sim! De mais...Encontro de bocas que querem compartilhar segredos, sensações. Não é preciso que haja sentido, mas que todos sentidos se compreendam. Como fazer para esquecer a voz que hora ou outra entra em nossos pensamentos, nos fazendo lembrar sempre de palavras ditas que fizeram história?
Me disseram uma vez que é preciso saber quando temos que parar. E assim deixarei escapar os olhares, os beijos e os sussurros. E esse meu ciumento coração terá que aprender que não pertenço a nada e que ninguém me pertence. É que eu só sei que quero quando me lembro e eu só me lembro em momentos de desatenção em que provo para mim mesma que ainda não estou pronta para escapar...
Eu sou errada. Nos mínimos detalhes eu sou errada. Gosto do ritmo errado e não consigo querer o que não é complicado. Vou embora quando é para ficar e fico quando já não tem mais o que cativar. Eu poderia ser diferente, mas eu sempre volto a minha forma errada de ser. Sem planos, o que eu quero não cabe no papel. E as vezes eu sinto tanto, mas tanto por não ser igual que me perco em contradições sem sentido. Eu não sei agradar. Me anulo para que não percebam que eu nunca serei o que esperam de mim. Não dá certo porque no certo não me entendo. E sobra tanto, mas tanto silêncio que acabo escutando apenas meus pensamentos.
O que eu quero é não surpreender pelo meu modo nada correto de tentar ser correta. A minha ansiedade de sempre seguir adiante não me faz ver que eu venho esperando...e eu que sempre desisto na primeira nova forma de começar, descobri que do que eu realmente gosto eu não desisto. Não sei quebrar barreiras sem machucar quem está a minha volta. Eu posso ir longe, muito longe, mas eu só volto para aquilo que me conquista! Se não tem saudade não tem porque existir. Eu preciso tanto da distância quanto da presença para me preencher.
As vezes a gente acha que já não sente mais a perda, porque já não sente mais a mesma coisa. E de repente vem aquele pensamento que já parecia adormecido. Eu não gostava tanto assim. Sou diferente e não me aceito, porque jogam na minha cara o tempo todo que ser do jeito que eu sou não é o suficiente. Realmente, o que eu sou não satisfaz a necessidade dos outros. Eu não me encaixo, mas é tão injusto desistir de mim.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

E a gente vai pouco a pouco saindo. Sem se dar conta da grande farsa que é esse "até breve". Finge que amanhã tudo vai voltar a ser como sempre foi e dessa forma, não é preciso dizer adeus.
Sem que se perceba fecha-se a porta de uma grande história e começa outra, mas sempre com a esperança de que seja passageira essa vontade de mudar. Mente para si própria, com aquele pensamento que não sai da cabeça. "Eu ainda volto". Mas não volta...
Quando o amanhã finalmente chega a minha vontade de ficar foi embora. Nas minhas insonias eu não durmo, para não mudar, sem querer, de querer...
Eu só sei ser livre. Todo mundo quer ser livre, mas essa liberdade é tão assustadora...O que é que eu faço com o mundo inteiro nas minhas mãos? Não me dêem a chance de escolher...Eu decido o que é  contra o que todo mundo espera que eu faça.
Quero ser presente. O passado e o futuro não me pertencem mais. E agora, no presente, eu não pertenço a nada. Não consigo sentir sem agir. A ação faz parte do meu sentimento e seria contrária a minha vontade ficar estagnada apenas sentindo. Tudo que penso, falo. Já não sou aquilo que sentia. Não sei por fim, porque essa palavra me limita e eu quero o infinito de possibilidades. O que é que me prende? Parem de prender meus gestos, minhas palavras, meu jeito desajeitado de querer o que ninguém pode ter. Aceitem apenas que não sei prender a minha vontade e ela me escapa sem que eu me de conta. O que ontem me cativava, hoje se faz lembrança que já não existe.
Não me sufuquem com a ausencia e nem com presenças. Aqui dentro cresce pouco a pouco uma história sem passado. Me dêem de presente apenas o presente. É dele que espero e é nele que me apego. Em troca te dou o momento. Sou o segundo que poe tudo a perder. Não quero me perder. Não me levem tão a sério. Premedito muitas vezes histórias e não sei escrever com mais gente. Preciso sentir, mas não posso fingir que sinto o que já não cabe em mim.
Tenho muito medo. Medo de sentir saudade. Eu não sei explicar,mas quando dei por mim estava aqui parada sem vontade alguma, jogando fora palavras que já não tem razão de serem soltas. Deixa eu me jogar? Não aguento mais as limitações que me impõem. Não dá para viver com medo e eu preciso da novidade o tempo todo. Não precisa ser novo, basta não ser sempre.

domingo, 22 de julho de 2012

Ela recebeu a notícia de sua partida como um soco na boca do estômago. Sentiu seus olhos mareados e sorriu com delicadeza como haviam lhe ensinado que tinha que ser feito quando se tem vontade de chorar.
Como quem sente que só tem aquele último instante o abraçou para sentir pela última vez que poderia mudar o rumo daquela história. Não era fácil a despedida e jamais aprendera como se faz para amenizar a saudade que já se instalava em seu peito.
Olhou de minuto em minuto o relógio que parecia brincar com sua angustia e que acelerava de minuto em minuto. Era uma espécie de tortura contida que só fazia antencipar a dor que já sentia e que não deixava transparecer naquele sorriso de faz de conta.
Quando finalmente chegou o momento do adeus, acompanhou ele até seu destino final e pela última vez olhou para aqueles olhos repletos de segredos e de carinhos. Quando seus olhos se encontraram sentiu o frio da separação dominar seu corpo e engoliu com dificuldade as palavras que estavam cheia de lembranças. Deu um beijo silencioso mostrando que era forte e que não se abatia com sua partida.
Foi, então, na hora de desvencilhar suas mãos das dele que entendeu o tamanho de sua tristeza. No momento em que deixaram de se tocar é que percebeu que já não faria mais parte de sua história. Virou bruscamente de costas para deixar para trás tudo aquilo que ele representava. A princípio andou devagar com a ilusão de que assim ele a alcançaria caso mudasse de idéia, mas a medida que caminhava ele se destanciava e ela, querendo ser forte pelos dois, não olhou para trás. Ele a observava como sempre fizera, silencioso e atento, sabendo exatamente o que cada gesto seu representava. Não era preciso falar e ele sabia disso.
Quando ela finalmente percebeu que ele não a chamaria para, quem sabe assim, prolongar a despedida inevitável, começou a correr, corria pela rua vazia e a medida em que corria ia se sentindo livre de tudo que lhe prendia, como que em cada respirada sofrida esvaziasse um pouco da sua caixa de recordações, mas acredito que acima de tudo corria para escapar da saudade que já começava a sentir.
Fez de tudo para não pensar naqueles olhos que entendiam sua dor contida e silênciosa e naquela pessoa que já não poderia querer tão bem. Quanto menos pensava, mais sentia. Se olhou no espelho e viu refletida a imagem de uma menina desamparada e por pena de si própria chorou com lágrimas grossas uma dor que não sabia que poderia sentir. Chorou por ele, por ela, pelo destino e por toda a saudade que já sentira e guardara.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Meu aluno me disse outro dia; "professora, essa sua idéia é muito clichê". Me peguei respondendo sem pretenção nenhuma. "Eu gosto de clichê". Tem tanta gente querendo ser original o tempo todo que me cansa, eu me canso de gente. Tenho fases que preciso ser só. Gosto daquele silêncio que ninguem invade. É difícil ser só, as pessoas não entendem, mas também não quero ser compreendida. Cansa explicar tudo. O fato é que conto os minutos para estar sozinha. Quando me vejo assim, repleta de vazio, chego até a me perder em tantas vontades. Por onde começar? Fico um bom tempo sem fazer nada só para sentir mais um pouco a sensação de solidão. Falo alto comigo mesma só para ter certeza de que não tem ninguem para me responder. Quando me sinto sufocada preciso fugir. Eu que estou acostumada a gritos, risadas e confusão fico pensando, como a palavra me invade. Como eu queria, as vezes, que o mundo fosse mudo.
Mas, voltando ao clichê, o que eu posso fazer se ainda não me cansei do que já é comum. Meu amigo me disse "em que século você vive?". A verdade é que ficam o tempo todo me dizendo muita coisa. Como eu devo agir, falar e gostar. Minha vontade é sair de tudo isso. Não aguento muito tempo gente falando. Gosto que me escutem, gosto de escutar. Mas é na minha solidão que me encontro. Gosto de sentar e ouvir minha avó contar suas histórias. São tão clichê que me dá nostalgia. Realmente meu amigo tem razão. Não estou na época certa. Mas paciencia, é isso que me pedem o tempo todo e como o que me pedem não sei cumprir fico impaciente e jogo tudo para o alto. Sou boa nisso, sou boa em começos, mas não sei dar continuidade em nada. Eu não quero mais e acabo pedindo por muito mais...
Não é esse, não é aquele. Não é nada disso e nem deveria ser. O que posso fazer se não gosto de água com açúcar?

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O dia que não terminou

É um dia frio e nublado, triste como são os de outono. O vento parece cortar o rosto e as ruas estão vazias, não há gente, não há sentimento, só existe o silêncio. Caminho solitária observando o vazio.
Do outro lado da rua ainda há movimento, mas não vida. Um homem caído no chão, jogado com um revólver apontado para sua cabeça. O policial pisa em seu corpo tremulo mostrando quem é que manda por aqui.
Imagino como deve ser o mundo visto por outro plano. Penso no que o homem deitado no chão está pensando naquele momento. Ele é também uma vítima desse mundo, da injustiça que se move rapidamente como um vendaval e da desigualdade que faz desse mundo um lugar tão brutal. Não consigo ter raiva, mas ter pena não resolve.
Fico parada, inerte, observando uma cena que não parece real e que não faz parte do meu mundo. Sou um ser alienado que não entende. O camburão chega e o homem é jogado no carro. O que é que a gente faz, quando um grito rouco tem vontade de sair e dizer tanta coisa? Meus pensamentos vão longe, como de costume e começo a pensar na vida desse corpo atirado como lixo no camburão. Como será sua vida? Será que tem filhos? Será que roubou para alimenta-los? Imagino a vida de quem tem pouco e ve tantos tendo muito. Não é certo, não é justo e mesmo assim continuo parada apenas observando.
Começa a chover. Corro para minha casa. Lá o tempo parece não passar e o mundo se torna muito distante. Meu pai lê seu jornal, minha mãe assiste televisão. A realidade some. Lá fora o homem está a caminho da delegacia e alguém em algum lugar espera por ele. A chuva, cada vez mais forte, não deixa ninguém enxergar...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Era um daqueles domingos de outono. Frio e solitário. Da janela era possível observar as folhas sendo arrastadas pela rua vazia.
Na casa da minha avó tudo é sempre quente. Aquece o coração lembrar que existiu aquele lugar. Eramos em quatro. Minha prima com suas histórias dramáticas me ensinou a imaginar e entender que para ser boa a história é preciso drama. - "Ela vai mesmo morrer?" - Perguntava eu chorosa com a Barbie em coma nas mãos.  -" Vai, se não perde a graça a brincadeira". - respondia minha prima sempre tão madura em suas explicações. As vezes, abandonava ela com suas histórias, por não aguentar tanto sofrimento e ia atrás do meu primo e meu irmão. Estes me ensinaram que ser menino, muitas vezes é bem mais divertido. Escalar, subir no telhado, jogar videogame, lutinhas... "Tudo bem a gente pode brincar disso, mas tem que ter morte e luta sempre?" - Perguntava eu querendo que, talvez, tivesse um pouco mais de romance nas brincadeiras masculinas. "É assim e pronto. Agora escolhe. Que poder você quer ter?" - Dizia meu irmão sempre tão prático. Quando me cansava deles, porque sei que me canso rápido das pessoas, podia voltar para o meu mundo. Neste nenhum primo ou irmão podia entrar...Era meu só meu. E assim no meu meu mundo, observando a rua solitária de domingo vi um homem na calçada. Trazia consigo uma maleta velha, toda desbotada pelo sol ou talvez pelo tempo. Seu paletó era feito da junção de tantos outros, esgarçado e desbotado. Tinha uma postura cansada, mas ao mesmo tempo equilibrava uma dignidade de quem veste sua melhor roupa de sair. Se a rua fosse de terra, suas pegadas seriam profundas, de quem carrega o peso de sua história.
Aquela imagem esfriou meu corpo e me encheu de uma ternura que até então desconhecia. Vontade de abraçar a história de alguém que precisa de amparo. Ele se viu sendo observado e eu com vergonha do que acabara de sentir, sim, porque tenho vergonha de sentir tudo que sinto, fechei as cortinas rapidamente.
Não demorou muito e a campanhia tocou. Era o senhor de cabelo cuidadosamente penteado e de olhar de cão obediente.
"Senhora, sou do Sul. Vim encontrar minha família, mas parece que eles se mudaram. Não tem algum trabalho que eu possa fazer? Corto grama, arrumo o que precisar..." - Sua voz era de quem já sabia da dor que é fecharem a porta para seus sonhos."Não tem não" - Disse minha tia desconfiada. Nesse momento eu não quis mais mentir. Mentir torna o mundo desconfiado e eu quero confiar naquilo que sinto.
 - "Tenho um prato de sopa se o senhor quiser...."
- "Sim senhora, aceito" - e sentado na calçada o homem tomou a sopa e eu vi seus olhos nublarem. Sem que ele pudesse conter, lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto tão marcado por histórias que eu nem sabia que poderiam existir. Ao notar que era observado, conteve o nó que lhe prendia na garganta e se desculpou. " Desculpe senhora, deve ser o quentinho da sopa..."
Lembranças, como pode ser cruel e doce lembrar...
Lá fora na rua das ilusões o homem pegou sua maleta, talvez seu único pertence e continuou seu caminho. Era imagem de um homem cansado...Cansa viver se equilibrando.
Dentro da casa da minha avó tudo continuou quente, mas eu ainda não conhecia a nostalgia que é o calor do afeto traz.

E a gente corre demais. Chegando algumas vezes a atropelar o tempo. Tudo tem que ser já, sem demora, sem espera. Pressa que devora os sentidos e a gente nem sente mais. É um beijo trocado aqui, palavras soltas lá. Cuidado para não perder tempo demais...Corre, passa por cima. Aonde é que a gente quer chegar com tanta pressa?
É aqui, agora. Pressão. Que sufocante é a vida dos apressados. Que triste é parar e ver que tudo passou. Passa e fica a vontade esquecida por tantas coisas novas que ganhamos na corrida. Correr exige leveza. Leve é aquele que não carrega consigo o peso de sua história.
Preciso por os pés na areia. Sair daqui. Ser normal me esgota e estou cansada.
A primeira vez que vi o mar me apaixonei. Fui engatinhando em direção a ele encantada com sua imensidão. Quando criança sentada na varanda observando a paz que a tempestade traz cheguei a conclusão de que o mar era infinito e então me apaixonei novamente.
 - "Que idiotice!" - Disse meu irmão. - "O mar tem fim sim...". Eu não acreditei nele, porque geralmente acredito no que sinto e naquele momento os meus olhos podiam estar enganados, mas o meu sentir, não. Aquela imensidão azul era um mistério e é preciso mistério para se apaixonar.
Outra vez, minha mãe foi me buscar no meio das pedras. - "Menina, sai dai. A maré vai subir e o mar é traiçoeiro." Foi a primeira vez que eu tive medo daquilo que eu mais gostava e digo que é horrível temer o que se quer.
Aprendi então a observar o mar de longe. Sentada na praia. Talvez essa seja minha forma de gostar. Distante...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Estou acostumada a me acostumar com o que me oferecem. Aceito sem brigas o que o outro pode me dar. Porque ouvi dizer que as vezes o máximo do outro não é o máximo que você esperaria de alguém.
Aprendi a deitar no sereno e olhar a noite a passar, porque alguém algum dia me disse que a gente tem que deixar o tempo passar.
Mas nunca ouvi falar, nem ninguém me explicou como eu transformo tudo que sinto aqui dentro em palavras. Assim, acabo sempre muda, sem conseguir dizer o que meu corpo já decorou em forma de olhar e toque.
Me vejo sempre tão vulnerável ao outro e ao mesmo tempo tão distante do outro. As vezes beijos não resolvem, faltam as palavras que eu esmago nas entrelinhas tentando decifrar o que é que acontece com a gente.
O que é que aconteceu? Toda semana vivo meu último romance. E vivo de repente esperando um antigo novo personagem que me prende. Tenho uma porta onde muitos esperam do lado de fora. Ilusão a minha achar que alguém, algum dia, veio me visitar no meu mundo. Ninguém me conhece, nem eu mesma. Só que as vezes, quando me olho no espelho eu sei quem eu estou vendo e estou vendo alguém que sabe magoar os outros. Eu não quero magoar ninguém.
Um dia me mostraram o que é sossego e aonde é que o tempo voa. E adivinha só? Eu me perdi. Não no tempo, nem no outro. Me perdi em um monte de contradições que não faziam sentido, mas que eu sentia.
A gente se acostuma. E eu me acostumei a achar que o que eu tenho é o suficiente, que eu não mereço mais que isso. Aliás, que eu não preciso ter mais do que eu já tenho. Só que fica um vazio que nunca preenche, uma frase que começa com "e se..." e que termina sempre nas reticencias.
Me prometeram tanta coisa e em troca eu só prometi o instante. Aquele instante. Não posso oferecer mais que isso. Sou feita disso e só ofereço o que tenho para dar. Te dou este instante. Fica comigo? Ficam, mas não querem o instante. Querem o que eu não sei que tenho. Querem o que não importa e assim eu fico sozinha com todos os instantes que eu ofereci...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Somos feito de impressões. Que impressão eu deixo marcada na pele de quem eu quero bem? Parar um pouco, olhar ao meu redor e perceber...Quero isso ou não quero?
Quero a novidade de histórias antigas, mas também quero o sabor antigo de viver algo novo.
Daqui para frente tudo é doce, mas é doce sem enjoar. É só eu ficar longe que eu penso no que eu quero por perto.
Parei, olhei ao meu redor...é aqui o meu lugar. É aqui que quero ficar. Sinto muito se dou a impressão de que não pertenço...é que pertencer é algo que eu não consigo entender. É preciso pertencer para se querer? Ou é preciso que se queira muito e aí eu pertenço?
Que confusão de idéias. Jogo tudo para o alto, o que cair primeiro em minha mão eu tomo eu meus braços. E adivinha? Cai tudo junto. E dentro do meu abraço apertado não cabe o mundo inteiro.
Então eu escolho, ou deixam de me escolher ou sou escolhida e então tudo se encaixa. Mãos dadas se soltam e laços desatam. Faço parte de um jogo que não estou participando, sou juíza de histórias que não posso escrever e cuido do que já esta quebrado.
Parei, observei o mundo com outros olhos e me veio a impressão de que não é justo fazer isso com quem eu quero bem. Então me desculpo, não com o outro, mas comigo. Não aguento ser o que não sou, não quero fazer com que o outro sinta o que eu já senti. Ser a causa não...quero a consequencia que traz ser o que sou.
Já posso voltar para minhas coisas? Já posso voltar para meu mundo particular? Por favor, não dependam de mim, não sei viver com o peso de ser mais do que imagino ser para o outro.
Preciso parar...Paro! O que é que eu perdi pelo caminho? Perdi histórias doces e me vejo ouvindo gente que acha que como eu vejo as coisas é errado. É errado talvez, mas eu sou errada. Quando eu quis ser certa me perdi em escolhas que não são minhas.
Erro, mas em escolhas minhas. Não queiram me dar uma nova impressão sobre o que vejo e sinto. Mas hoje sinto que se for para ser assim eu não quero.
Gosto de olhares doces, gosto de gente que é sem precisar de maquiagem. Aonde eu encontro gente assim? Se nem quando olho no espelho encontro.
Resolvi dar a chance e olha que surpresa...resolveram me dar a chance também.
Encontrei bocas antigas, toques já conhecidos que me deram a impressão de que eu estou perdida.
Que coisa louca é um beijo na boca. Me faça rir, me faça feliz, me faça perto!
Quando é que eu vou poder falar que eu esperei a vida toda para isso acontecer?

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Estão pedindo para eu escolher. E na minha indecisão de sempre, eu me decido sempre em desistir. Não apenas por ser mais fácil assim, mas porque eu não sei escolher.
Mas isso me confunde. Eu nunca escolhi o que é fácil e se eu escolho sempre caminhos difíceis, logo eu sei escolher.
Eu só não queria ser uma cadeira vazia, um número na chamada riscado, uma ex funcionária, um relacionamento que quase deu certo. Eu não queria ser essa que escolheu desistir.
Mas me pedem tanta coisa e eu me vejo tão perdida no que me pedem que eu faço o que eu sei fazer melhor. Abrir mão. Eu sei me desprender de tudo que me enlaça. É fácil, doi, mas passa e eu não olho para trás, o que facilita minhas decisões tão desacertadas.
Escolhas, dizem que a vida é feita delas e que uma hora ou outra a gente tem que abrir mão de algo. Se tudo que eu tenho me completa, do que eu vou abrir mão?
Quem sou eu nesse tumulto que me impede de ver o que eu quero e o que eu sou? O que é que eu faço com tudo isso? Não me digam que eu não posso ter tudo, porque nisso de tudo ou nada eu acabo ficando com o nada. Eu sei me preencher de coisas novas, só é difícil para mim me esvaziar do que me completa.
Tempo, tempo, tempo. Para tudo tem seu tempo. Quando é que vai chegar meu tempo de parar o tempo? Sou tantas pessoas ao mesmo tempo que as vezes nem me reconheço. Não sou completa em nenhum lugar e toda vez que viro as costas fecho os olhos e penso. "Poderia ter feito mais". Eu não aguento mais viver da possibilidade de ser mais do que eu sou.
O que eu sou? Sou egoísta por não abrir mão de nada.
Estou com medo. Porque tudo que eu mais quis, já não sei se é o suficiente.
De repente eu já não sinto o frio na barriga necessário para minhas paixões. E eu preciso disso. Não abro mão. Não me olhem como se já soubessem o que eu vou fazer ou como eu vou me portar. Eu surpreendo a mim mesma e não espero sinceramente que me dêem a resposta.
Não é possível viver em dois mundos. Eu vou provar que é possível sim. Vou provar o gosto de saborear o que me preenche e não vão abrir mão de nada. Por que se for para desistir de algo, eu desisto de todos. Afinal, minhas escolhas são o reflexo do que eu sou e muitas vezes sou contraditória mesmo.
Eu sei que muitas vezes fico com várias coisas para assim não me apegar a nenhuma. Eu sei disso.  Se uma delas não dá certo eu tenho milhões de outras possibilidades para me completar. Mas fica sempre um vazio que não preenche. Se eu abrir mão de tudo? Você me promete que eu não perder o que eu mais quero? Não...porque eu não sei mais o que eu quero. Eu sei que quero muita coisa, mas eu só percebo que queria quando já não está mais em minhas mãos escolher.

domingo, 20 de maio de 2012

As vezes eu tenho nojo do ser humano. Tenho muito medo de ser igual ao que eu vejo o tempo todo. Será que tudo isso é só um espelho e eu estou me vendo refletida nisso tudo?
É tão cruel esse orgulho que maltrata, que faz da gente o que a gente nunca achou que poderia ser.
É sem amor esse jogo sem vencedor. Não entendo esse negócio de fazer o outro sentir o que você está sentindo. Não faz sentido...Que desejo é esse de ser o vencedor de uma competição sem limites? Eu já disse tantas vezes, eu não quero vencer. Fico com o perdedor, com aquele que perdeu o medo de não fazer sentido nenhum essa história.
Eu não quero, não quero me misturar. Eu não quero ser isso que faz mal, que desperta a dor do outro, que é veneno. Eu escolho não ser inteligente o suficiente para assim, não perceber que está tudo errado.
Em um almoço de família meu irmão com seus comentários severos me deu uma bronca. "Acorda para a realidade, o mundo real não é esse mundinho que você vive. Essas coisas que você não acredita que possam acontecer, acontecem sim!"
Bom, eu prefiro meu mundo de fantasia e me enfeito com mentiras que escondem o que nós realmente somos. Uso a minha máscara de que está tudo bem a gente ser assim. Quando na verdade o mundo não me agrada.
No meu mundo de fantasia eu sou feliz. Nele eu não vejo o que não merece ser visto. O engraçado é que neste meu mundo de fantasia as pessoas de faz de conta não se encaixam. Na minha fantasia é aonde eu presencio o que no mundo real a muito tempo eu já não vejo.
Que ressaca de lembranças é essa que me invade e mostra que não está tudo bem? E que eu preciso aceitar que é assim que tem que ser?
Por favor, não digam que é assim que eu tenho que ser? Eu não faço parte disso. Eu não me encaixo e não encontro ninguém que se encaixe. Eu não quero isso. Me cansa, me faz sumir.
Desapareço então de tudo isso. Não quero fazer parte dessa doença que contamina.
Preciso procurar essencias que tornem a minha realidade mais doce.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Já me cansei da nossa fuga.
Me cansei também de buscar no contar das minhas histórias a aceitação dos outros.
Cansei de esconder o que na verdade não tem mais motivo para ficar guardado.
Me cansei de tanta coisa...Por que é que eu não me canso de você?
Se o fim já vai chegar ou se ele já chegou e não foi percebido, então é hora de abrir a janela dessa história e deixar finalmente ela ser livre!
Eu já provei e comprovei que não há motivo para essa história não estar em seu devido lugar. E ela simplesmente não combina com a minha caixinha de recordações. Ela não combina com meus textos, não combina com ilusão.
Certa vez eu conheci alguém, esses alguéns que não tem nome. Que não podem ter nome. E me apaixonei. Porque não tinha o nome, não tinha o que não precisava ter. Não precisava ser apresentado. Se fazia presente. Era meu presente. E essa falta de nome nunca trouxe a falta dele. Embora me falte tanta coisa, não é no nome que me apego. Sobrava vontade, sobrava certeza...Quando me faltou a lembrança do rosto dele tive que dar um nome, tive que saber seu nome porque eu precisava lembrar de algo.
Seu nome ficou guardado, será lembrado. Mas é só um nome...Veja só, eu não queria nome e foi só com isso que fiquei...
Certa vez eu conheci um lugar paralelo a tudo e a todos e lá eu quis ficar. Logo eu que só sei partir...
Eu preciso de pausas e de lugares para pousar.
Um dia encontrei o que tanto procurava naquele momento e perdi no meio da nossa confusão. Eu que sempre tão confusa procurei formas de adiar o tumulto que vem em forma de atitudes não pensadas.
Sou uma mistura de tanta gente que as vezes fico cheia de mim de mesma.
Uma vez meus olhos se despediram de quem do outro lado da rua me observava e então me dei conta de que não estou acostumada a gostar tão tranquilamente assim e me veio a paz que me trouxe a resposta do meu silêncio. E no silêncio me veio a certeza, que de tanto pensar virou história nova e novamente eu me vi perdida pensando que talvez não seja tudo isso.
Houve um tempo em que minha boca não conseguia conter o sorriso e eu via refletida essa minha imagem de boca seca de felicidade no outro. Foi estranho, foi quando devorei a vontade que estava presente no tempo.
Então veio o tempo e me trouxe novos tempos. E me vieram novas perguntas e me fizeram uma pergunta. E respondi com a decisão de quem já tinha a resposta a muito tempo guardada.
Sim, eu quero mudar o rumo dessa história, mas só se for agora...
Ai eu me cansei porque cansa andar em circulos. Cansa ficar cansada o tempo todo. Da preguiça gente igual. O que diferenciava começa a se igualar e eu não gosto de gente igual...Se eu sou uma junção de todo mundo é natural que eu queira gente diferente para me completar.



domingo, 6 de maio de 2012

Se eu estou diferente você vem me perguntar o que é que há comigo e me deixa ainda mais confusa...
É,eu estou confusa. Na verdade, eu sou confusa. E nessa antiga confusão de tentar entender o que sinto e o que sou, você se faz reflexo das minhas próprias contradições.
É para ser bonito e breve. É leve! É isso que sou...Um dia alguém soube lidar e gostou...
Mas não é o suficiente, nunca será o bastante e está é a minha forma de me desvencilhar.
Quando existe o silêncio de dois mundos se afastando não me resta opção, a não ser procurar outra opção. Já faz tempo que o tempo mudou. Agora chegou a hora de se aventurar.
Me aventuro em abraços que não sabem se encaixar, em beijos roubados e em sorrisos que não me dizem nada. Mas também faz tempo que tudo passou a ser nada...
Quando, sem querer, meu desejo muda de direção, encontro seu esconderijo. Quando foi que eu me acostumei a sentir o que me vinha a tona sem eu nem ao menos perceber?
Sou a lembrança do passado de tanta gente.  Quando é que eu vou deixar de ser só lembrança?
Eu não te reconheço, não me conheço...Eu já não sei o que é que eu gosto no outro. Talvez você possa me ensinar a gostar de você. Porque eu já não gosto. Não posso viver o que não sei sentir e também não quero viver o que já deixei para trás.
Não vejo mais sentido e pela primeira vez, não quero sentidos...quero os teus sentidos.
"Você não se esquece de nada?" Me perguntam olhos que sabem que o tempo não apaga minhas vontades.
De repente o passado vem a tona...Me mostra um, dois, três...Faz contagem de tudo que eu abandonei na hora em que escolhi ter medo. Não quero reviver porque ainda não morreu.
Por que é que a gente é assim? Perde a graça procurar motivos para não ser o que já se é a muito tempo e ninguém notou.
Nota e anota a cadência da minha história em ritmo lento e com intensidade.
Eu poderia ser tanta coisa que já fui...mas escolhi ser o que ainda não sou.
Um quase beijo pode se tornar um beijo de se perder o folego. Me contaram em segredo que o gostoso é conquistar e não ser conquistado. Agora é a minha vez de contar um segredo...É bom ser conquistada sem nem ao menos perceber. Por que é que não se perde tempo com aquilo que merece seu tempo? Jogos não conquistam, jogos tornam a competição gostosa...Mas eu não quero competir.
O silêncio traz o peso de palavras guardadas em lugares tão bem escondidos, que é difícil encontra-las na hora em que precisamos delas. E eu preciso delas para dizer uma porção de coisas que podem não fazer a minima diferença, mas que não cabem mais aqui dentro. Eu não faço questão de saber quem é o primeiro, ou o segundo...o último com toda certeza faz muita mais diferença.

sábado, 5 de maio de 2012

Ele não sabe e não viu todos os planos e desejos que ficaram para trás. Quando desataram as mãos já encaixadas de felicidade, soltaram também toda a vontade que os prendia. E prisão era um nome que não se encaixava ao nome que eles não haviam dado...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Se eu não sei o que eu estou procurando, como é que eu vou reconhecer quando eu encontrar?
Abriram o baú de idas e vindas e de pessoas já esquecidas. Isso é um teste?
O que é que eu preciso provar, ou melhor comprovar para mim mesma? Que não é nada disso que eu quero?
Chega de tanto provar e pouco aprofundar no que eu já conheço. Tem novidade, tem dificuldade, mas tem a certeza de que não é nada disso...
De repente aparece tudo o que eu mais quis. E do nada eu já não tenho vontade de querer tanta coisa assim. Vocês se tornam só mais alguém que um dia eu achei que conhecia.
Rasgo o passado, não porque ele machuque, mas porque meu presente é muito melhor. Este é o presente que eu dou a mim mesma...deixar quieto o que o meu coração escolheu esquecer.
Se não me esqueço é porque faz parte de mim trazer a todo instante as minhas histórias a tona.
Hoje sem querer me vi gritando para ninguém ouvir. Não há nada que eu diga que faça com que mude a transição que estou sofrendo. Sofro, sofro porque sei o que eu não quero, mas está cada vez mais difícil ter certeza do que eu quero.
É isso. Não sei mais do que gosto. Da onde, de repente, me veio tanta incerteza? 
Eu não quero magoar ninguém. Mas também já não posso mais esperar que as coisas mudem.
Hoje eu percebo que não importa o tempo, nem a distância, minha vida é feita de ciclos e eu acabei de encerrar um para começar um novo.
Existem mil razões que me invadem para ficar, mas existe uma que me faz querer ir...Eu não sirvo para isso. Eu não sei me envolver pela metade, e não consigo te querer agora.
Eu mudo junto com o tempo que insiste em passar, mas eu não consigo mudar a forma que eu lido com o que sinto. E eu sinto muito ter percebido tão depressa o que eu queria.
É possível gostar tanto de alguém?
Quando se lembrar de mim, qual recordação vai vir? Vai me procurar ou vai deixar a vontade passar?
Quantas vezes você sem querer se lembrou? Quantas chances teve?
Quem é que invade seu sonho? Ainda é a mesma pessoa...
É a minha vez de procurar o que eu quero...Se eu já achei e não percebi, é o risco que eu corro por correr da minha vontade.
Abraço meu passado, porque quando digo que é para sempre é porque é para ser eterno. Do meu jeito é...Escrevo o que eu já marquei no meu corpo em forma de beijo e cheiro.
Sacudo a poeira que havia nas fotos antigas, talvez você possa entender que eu não gosto mais de você. Mas é estranho continuar gostando tanto assim....Será que eu vou esquecer? Quando eu olho para trás me vem o "para sempre" e quando olho para frente tenho a certeza de que minhas palavras não são da boca para fora. Me traga a paz que eu descobri que posso ter ao lado de alguém. Me faça coberta e seja a descoberta que eu preciso.
Não adianta voltar atrás. O que me procura me encontra indefesa para não aceitar. Desta forma eu aceito que não posso mais me defender. Não se ofenda, um dia alguém vai esbarrar em você e te fazer recordar e vai estar em você querer reviver ou reinventar esta história.
Falo bem baixinho, eu vou ficar...Só não me diga nem quando, nem como...Mas eu ainda quero, eu ainda tenho planos e ainda vou fazer isso durar por toda a vida. Do meu jeito nada especial de ser eu vou dar jeito...

domingo, 22 de abril de 2012

Você promete que não será a última vez?
Prometo.
E assim, ela viu se afastar pela noite quente de dezembro o menino de suas histórias...
O tempo passou e passou depressa. Passou o tempo da inocencia e do único grande amor.
O tempo que se foi, foi caro de gastar. Fotografias foram guardadas, lembranças escondidas e a história foi relembrada tantas vezes dentro da cabeça da menina, até ela se cansar dela e procurar um outro grande personagem para seus contos de fadas.
Foi em uma noite qualquer que o corpo dela estremeceu ao reconhecer o toque sempre exato do menino de suas primeiras histórias. Homem de comparações inconscientes, homem da saudade a muito tempo gostosa de se sentir. Ele estava ali na sua frente, da onde parecia nunca ter saido. Olhando a do mesmo jeito e tentando desvendar o que o tempo fez ele perder.
Eu te prometi que não seria a última vez...
E naquele momento o tempo voltou no passado e trouxe de volta uma canção já adormecida no peito da menina que crescera.
Conversaram como se ontem tivessem prometido se encontrar amanhã.
Se beijaram como se o deserto da espera nunca tivesse deixado a boca seca de saudade. E o toque, o toque despertou o sentimento que o corpo já trazia guardado a tanto tempo dentro dela.
Não eram corpos diferente se conhecendo, era dois corpos se reconhecendo através do tempo que passara...
Não haviam mudado tanto assim, não eram duas pessoas desconhecidas. Mas já não eram a imagem que ela a tanto tempo fizera deles.
O beijo trouxe a tona uma história infantil, anos de uma separação não premeditada e segundos de um encontro no mínimo especial.
Ele era especial, parecia especialmente feito para ela. E guardava ainda o cheiro e o gosto tão caracteristicos de uma paixão.
Foi mais que paixão, ela agora já dona de si, podia diferenciar suas paixões de seus amores. E o primeiro grande amor ela não esqueceu.
Mas, diferente da primeira vez que se encontraram, desta vez ela tinha passado e com seu passado havia passado a imagem que ela construira de seu príncipe encantado. Aquele que a acompanhou, que a acolheu e que disse que não era o tempo deles...
Realmente, não era o tempo deles. Foram perceber então, que o tempo é cruel...Ele mata o que a tanto tempo estava ali guardado como eterno na caixinha de lembranças.
Ela se despediu, sem esperar por escutar novamente a promessa de não ser a última vez.
Ele se despidiu novamente com o tempo como seu aliado. Dizendo o que sempre disse com tanta segurança para a menina de coração de promessas...Não é a última vez.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A menina olhou desconfiada para o caixão e então puxou a saia de sua mãe e perguntou:
- Mãe, como ele sabe que morreu?
A mãe abaixou e olhou nos olhos de sua menina e com pesar disse que ele não sabia que já não vivia.
A menina ávida por entender a vida não se conformou com a resposta. Quis saber ainda:
-Mas para onde é que ele vai?
A mãe, sempre tão cheia de respostas certeiras acariciou os longos cabelos de sua filha e respondeu que ele foi morar em uma casinha junto com uma senhora chamada Saudade. Dessa vez, a pequena parecia ter se conformado com a resposta.
Achou a palavra "saudade" engraçada mas não entendeu o que ela significava.
Certo dia a mãe pegou sua filha observando através da janela e se sentou ao lado para tentar entrar nos pensamentos da garota.
A menina então quis saber aonde é que essa senhora chamada Saudade morava e a mãe com lágrimas nos olhos respondeu que a Saudade morava em todos os lugares. Aonde a gente menos esperava lá estava a Saudade. O pensamento da menina foi óbvio.  "Já que ela está em todo o lugar eu posso visitar aqueles que moram lá." E a mãe sorriu. É claro que podia visita-los, mas a Saudade não deixava ninguém entrar na sua casa. A não ser aqueles escolhidos.
A pequena suspirou e pareceu desta vez ter finalmente entendido. E a mãe deu o assunto por encerrado.
Essa Senhora Saudade, era muito malvada pensou a menina. Afinal, levava quem ela gostava embora e não avisava aonde morava. Encontrou então, sua avó olhando um retrato branco e preto, tocou suavemente no ombro da anciã e viu nos olhos mareados daquela senhora a casinha tão escondida da Saudade.
- Vó, como é que a gente faz para espantar essa tal Saudade ?
A avó sorriu com uma leve tristeza. Agarrou com força o retrato e disse:
-Eu tento espanta-la a muito tempo e toda vez que eu acho que ela finalmente foi embora, alguma coisa me faz lembrar e ela volta, mais forte ainda, com mais vontade de ficar.
A menina foi crescendo e aos poucos a Saudade começou a visita-la e ela então entendeu o que era aquilo que lhe doia no peito, mas que muitas vezes era gostoso de sentir. Foi então, aprender que a Saudade era algo bom, era algo que deixava vivo o que foi embora, que trazia lembranças que não se esquecia. Não se sente saudade do que não era bom, não é mesmo?
Quando mais tarde sua filha lhe perguntou como a pessoa ali deitada no caixão sabia que estava morta a mulher viu nos olhos de sua filha o nascer da Saudade e lhe explicou que ela só não estava mais presente e que continuaria viva para sempre dentro dela. afinal a saudade não deixa certas coisas irem embora.

Dedico este texto para todos aqueles que plantaram dentro de nós a semente da saudade. Especialmente para alguém que se foi antes da hora, que em um piscar de olhos deixou planos, metas, amores, amigos e muita dor para quem ficou. Espero que com o tempo exista essa saudade gostosa de sentir, porque por enquanto ela ainda é cruel e maltrata.
Que mesmo sem saber a resposta a gente compreenda que ele segue vivo dentro de cada um que nunca o esquecerá. Talvez essa seja a função da saudade...fazer com que as pessoas sejam eternas dentro de nós.

domingo, 8 de abril de 2012

Sem amarras, sem esperas. Foi de tanto errar que finalmente se descobriu o momento.
Nao quero nós, quero laços suaves...
Sempre busquei o desassossego das paixoes. O jogo de bem-me-quer e mal-me-quer. Até que entendi que existe algo além da compreençao das brincadeiras de seduçao. Quando o jogo começa a ficar sério a gente sai com medo de perder. E foi neste momento que descobri que nao quero mais jogar.
E entao, pude finalmente perder, perdi essa vontade de ser o espelho do outro, perdi a necessidade de mostrar o tempo todo que eu sou a vencedora.
E continuo perdendo, perco aqueles que se perdem na multidao e que se igualam por nao quererem ser o que já sao e nao sabem ainda. E vou pouco a pouco abrindo mao. O engraçado é que nao sobra quase ninguém. Se até eu me perco, nao é de se estranhar que eu perca os outros.
O jogo se repete e será sempre dessa forma, até o momento em que se perceba que issoé muito pouco para o que eu quero da vida.
Será realmente necessário perder para achar?
Faz tempo que o nó da saudade se desfez. Se acostuma e esse é o castigo para quem escolhe esperar.
Quando perdi, ganhei momentos, beijos, histórias, arrepios. Quando ganhei fiquei vazia.
Façamos da ausencia um momento de frio na barriga e que na presença a gente se perca. Porque se achar é fácil. E afinal de contas, se eu ganho ou perco...ninguém precisa saber.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Tenho um mundo particular em que poucos são convidados a entrar.
Se eu não te convido a entrar, não me leve a mal...É que não é fácil para mim compartilhar das minhas fantasias.
Não me sufoque demais com perguntas que não tem respostas, como por exemplo o quanto eu gosto, o quanto eu quero ou como eu quero. Se te convido a entrar no meu mundo, a compartilhar dos meus segredos, das minhas loucuras, não se sinta especial. As vezes eu também me engano e deixo fazer parte da minha fantasia o que não vale a pena. Acontece.
Acontece tanta coisa o tempo todo aqui dentro que é difícil para quem está de fora entender. E eu não peço que entendam, porque existem certas coisas que não se pede...
Me acostumei com a idéia de que quem não consegue ultrapassar a linha invisível entre meus dois mundos, não consegue ficar comigo.
Preciso da solidão, do meu espaço e do meu mundo individual e se muitas vezes pareço não me importar com o que o outro faz ou deixa de fazer, não me levem a mal...É que eu gostaria que fizessem o mesmo comigo.
Eu não deixo de gostar quando não estou ao lado, quando não ligo várias vezes ao dia, quando não me faço presente o tempo todo. Ao contrário é por gostar tanto que eu deixo...Não é que eu não me importe, mas eu não quero invadir o mundo particular de ninguém.
Então vem aqueles que exigem o tempo todo que se demonstre o quanto se quer a todo instante. E novamente eu me perco. Porque eu não me encaixo. Eu não sei dizer o que eu sinto, porque o que sinto eu demonstro. E ai, nós nos perdemos. Entre palavras não ditas e sentimentos não vividos, muita gente se confunde. Eu não me confundo...não me esqueço, mas também não abro mão da minha solidão. E não suporto quem tenta me tirar dela. Me deixe só, eu gosto, não me faz mal.
Aos poucos a gente vai percebendo que só conseguimos ficar calados ao lado de pessoas que realmente gostamos e neste silêncio surgem as respostas de tantas perguntas soltas no ar.
É no abraço que se juntam dois mundos totalmente diferentes. Eu gosto do que é diferente, do que não é fácil, do que nem todo mundo tem.
É chato ter que explicar tudo o tempo todo. É chato ter que demonstrar o tempo todo que a gente não é isso que querem que a gente seja. Eu abri mão do meu ciume doentiu, do meu orgulho que envergonha e agora deixo...deixo o que tiver que ser. Não porque esteja acomodada, mas pelo simples fato de saber que não vale a pena brigar. Se o motivo de tudo isso é procurar uma definição...eu defino que não serei. Defino minha liberdade como escolha.
Há o medo de se romper barreiras de se quebrar histórias, mas eu aviso não existem formas de se descontruir o que o tempo já construiu. E então, pela primeira vez eu tenho ele, o tempo, não como inimigo, mas como cumplice de histórias que não tem como serem esquecidas.
E quanto as pessoas que esfregam na minha cara o tempo todo que é preciso ser algo que não sou, que é preciso falar, demonstrar, brigar, por na parede eu respondo com meu silêncio, meu mais novo aliado. Definições e respostas servem para provas e  na  minha vida eu não procuro isso, não procuro sentido..procuro sentir. Se não é possível entender isso, não serve para entrar no meu mundo. Não corte minhas asas e nem queira que eu corte a de outras pessoas. Só quem pode voar entende aonde quero chegar.
Fui criada em um ambiente pedagogico. Em todas as poucas escolas que estudei tive minha avó ao meu lado como exemplo de educadora e de ser humano. Uma grande coordenadora e uma sensível mulher sempre presente e sempre atenta, principalmente com seu querido corpo docente.
Cresci assim, escutando de todo mundo que eu deveria ser o exemplo, mas nunca consegui ser. Aliás, nunca consegui ser o que exigiam que eu fosse.
Lembro-me como a minha avó defendia os alunos que não eram exemplo a ser seguido, talvez por isso hoje eu não acredite nessa frase clichê e errada. Durante algumas semanas meus pais acolheram em minha casa um menino mau exemplo, que com a morte da mãe e da avó, suas defensoras, passou a ser um grande problema na escola em que estudavamos.
Adolescente rebelde, não foi fácil para meus pais criarem um menino desiludido com a vida. Lembro-me do dia em que vi a porta da entrada da minha casa aberta, minha mãe no portão com lágrimas nos olhos e a silhueta do menino de longe, bem distante escolhendo um caminho que com toda a certeza não era o caminho dele. Não sei o que aconteceu com este meu "irmão" de poucas semanas. Só sei que por ele ser um problema, ninguém quis ficar com ele. Não culpo, mas não entendo.
Não entendo como definem quem é e quem não é um bom exemplo em nossas vidas. Sinto muito, mas precisamos de todos os tipos de exemplos para saber o que é que realmente queremos ser e com quem queremos estar.
Escolher o caminho mais fácil, pode ser uma solução. Pode resolver nossa vida, mas não resolve a vida de quem não se encaixa.
Não me tomem como exemplo a ser seguido. Não acreditem que faço as coisas sempre certas, porque não faço. Sou tão errada quanto qualquer outro e não aceito o lugar daquela que aconselha. Se pudesse aconselhar diria para não pedirem meus conselhos. Sou tão confusa e contraditória que o que acho hoje certo, amanhã já se tornou erro.
Aos poucos fui vendo passar pela minha vida diversos tipos de pessoas e não foi preciso ninguém exclui-las de minha vida. Eu é que tive que escolher quem eu queria ter por perto. Tive e ainda tenho gente próxima que me fez muito mal, e gente que me fez muito bem. Eu poderia apagar elas, fingir que não existiram, mas tirar elas de minha vida é passar uma borracha na minha história. E isso eu não quero.
Então, quando me dizem que este ou aquele não são pessoas boas, eu me lembro que um dia eu também não fui boa e que eu tive alguém bom o suficiente para me olhar e apostar que as coisas poderiam mudar...Não me tirem o direito de acreditar e de apostar que é possível mudar, que é possível contruir uma história diferente daquela que as pessoas que já escreveram para nós.
Sei que meus braços não são grandes o suficiente para abraçar o mundo, mas neste momento eu gostaria que eles fossem o suficientimente grandes para abraçar aqueles que não são padrão, que não se encaixam e que por este motivo são tão especiais.
Para aqueles que o caminho não é fácil, para aos que procuram e muitas vezes não acham, para aqueles que são mau exemplo, para os que nem exemplo são. Não acreditem em tudo que falam. Não sejam o que esperam que vocês sejam.
Para aquele que me escreveu uma carta me chamando de amiga mãe, que me disse que eu entendia...Eu respondo. Eu não te entendo, mas aceito, aceito que não entender faz parte da vida e que para aceitar o que não se entende é preciso coragem.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Minhas definições de palavras soltas em bocas presas.
Abraço: aquilo que quando encaixa a gente não quer mais soltar.
Amizade: quando os olhares se entendem.
Amor: quando os olhares se entendem e os corpos também
Beijo: aquilo que cala e responde.
Família: aonde você é sem precisar ser.
História: aquilo que se conta antes de dormir.
Lembrança: é o cheiro, sabor e som que vem de repente, sem bater na porta.
Indiferença: é  quando os olhos não enxergam
Pensamento: é aquele lugar em que você queria estar
Pesadelo: é o que te faz acordar
Choro: é quando dão um nó na nossa garganta.
Decepção: é quando a gente espera demais
Tempo: aquilo que tira a cor do dia.
Saudade: é não esquecer e sem querer lembrar.
Traição: é um tapa na alma
Alma: é aonde a gente guarda as nossas cores.
Felicidade: é quando o tempo deixa de tirar e coloca cor no dia.
Sentimento: é uma caixinha que a gente guarda no fundo da nossa alma e que tem medo de abrir.
Cicatriz: aquilo que conta a nossa história.
Medo: é o que invade a gente na calada da noite.
Noite: é o refúgio do sol
Ela estava lá, perto do balanço em que a menina costumava balançar. Sentia o vento beijar suavemente seu delicado corpo e lentamente abriu as pétalas para o dia que surgia. Todas as manhãs ela esperava pela chegada dele, pelo momento do encontro propício. Ela era aquela que se despedaçava pouco a pouco. Triste flor de outono. Não entendia como era possível ele viver indo embora. A cada ida, levava um pedacinho dela. Tentativa de enfeitar o seu ser com a beleza que ela guardava só para ele. Ele estava não muito de longe, mas nunca perto. Cultivava distante a sua flor de primavera. Usou a distancia como motivo para nunca se unir a ela. Chegou um dia e viu sua flor chorando, mas a  sua tristeza não era causada pelas muitas despedidas dele..outro havia a arrancado um pouco da beleza de sua flor e levado consigo...Isso o deixou angustiado. Como estar longe e ao mesmo tempo proteger sua flor dos outros ? Criou então uma cerca, afastando assim qualquer um que pudesse magoar sua delicada flor. E dessa forma, se despreocupou de observa-la sempre, já que ninguém podia toca-la.
Em uma dessas  noites em que a lua sorri lá no céu, a saudade bateu em sua porta, e com sua mão forte, apertou o coração do jovem. Este saiu pela noite fria de inverno para resgatar sua flor da ausencia que tinha a congelado. Chegando lá, perto do balanço viu a pequena cerca que a protegia de todos, menos dele, crescida. Se tornara mato, arisco matagal que o impedia de ver sua flor.
Ela estava lá ainda, presente como sempre, mas sem poder ser vista.
Ele estava lá também, como sempre esteve, distante, mas perto suficiente para que fosse possível notar sua presença.
E assim ficaram, durante o inverno que os congelou, cada um preso no seu jardim de solidão.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Não existe ninguém que não possa nos ensinar algo. Minhas manhãs são feitas de conhecer e reconhecer no outro muita coisa.

De coisas simples é possível se criar um mundo e na imaginação a gente encontra muitas formas de recriar o presente.
Do quadro em branco começam a sair esboços de uma vida. Quantas cores em um dia só.
Quantos olhos a me observarem e quantas bocas querendo dizer tanta coisa. Como me colore o dia, a chegada de alguém querido, de um abraço recebido e do olhar amigo.
Quando a gente é criança os adultos perguntam o que a gente quer ser. Eu não entendia a pergunta...eu já era, aliás eu já sou o que quero ser desde que nasci.
Fotos...O que você se tornou envergonha a criança que um dia você foi? Envergonha a criança daquela foto antiga, que provavelmente está enfeitando algum canto da sala de estar de seus pais, o que você fez do seu caminho?
Qual foi a última vez que você dançou na chuva? Quando foi que você deixou de caber dentro de um abraço bem apertado?
Você se lembra de como eram suas professoras do primário? Por um acaso ainda faz malas para passar o final de semana na casa de sua avó?
Crescer não é chato. Chato são os moldes. Então eu me transformo em massinha que pode virar qualquer coisa, o que a imaginação desejar.
As cores me lembram canções e as canções me lembram paixões. O que é que a gente faz para não descolorir? Qual a receita para não desbotar com o tempo?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Minhas melhores lembranças, eu as liberto. Para que assim novas melhores lembranças possam fazer parte de mim. É estranho como a saudade vira falta e a falta revira tudo na tentativa de achar algo para manter vivo o que não respira mais...
Acontece que se uma história  começa aos poucos, também se termina aos poucos. Se os detalhes conquistam e fazem querer mais e mais outros detalhes vão tirando a magia dos momentos e transformando tudo em algo banal e assim pouco a pouco a gente para de sentir e se acostuma. E já não faz mais diferença. Quando quebra não conserta, quando acaba não recomeça.
Não insista. Bocas fechadas falam muito. O tempo com seu tempo dá o tempo certo para que aconteça o que tiver que acontecer.
Brilham olhos, explodem momentos, desaparecem fantasias e se cria e recria a realidade.
O que é real? Na imaginação tanta coisa parece real, no real tanta coisa parece imaginação.
Deixa fluir...Deixa como está...apenas deixe e não se queixe. A gente só deixa o que pesa e no caminho a gente quer ser leve. Leve só o que te faz levitar sem nem pensar. Me assusto, meu coração gela, minha boca fica seca e minha mente pira. Não nego...não tem nome, não tem explicação. É livre, solto.
Salta, rodopia, faz batuque descompensado. Quantas histórias para o meu corpo provar. Provo, aprovo o que desperta a atenção dos meus olhos, tato e paladar.
Sinto, muito, que o cheiro e o gosto não tenham lugar para se guardar.
Sorrio, choro...intensidade vem sem intensão e quando dou por mim estou dançando a música de uma nova história cheia de trilhas sonoras.
Trilho novos rumos e esqueço, mas me aqueço ao sem querer lembrar. Faz falta, faz bagunça, faz história. Faz nó que enlaça e não se desfaz.
Algo sútil a gente não percebe até que se de conta que faz falta na sutileza de sentimentos que a gente tem e guarda...Deixo longe, afasto, volto, percorro o caminho e encontro o que me faz sorrir sem pensar. Muda o tempo todo e eu permaneço muda e calada. Calo e entendo que as melhores coisas vem sem esforço, vem porque querem vir, não porque a gente chama.
Se há espera, há reserva e eu me reservo ao direito de não esperar por mais nada...
Boa Noite para quem não se esquece de nós, para quem pelo menos uma vez ao dia vem nos visitar em pensamentos, para aqueles que quando menos esperam o pensamento trai.
É possível tirar as tatuagens feitas de instantes do nosso corpo? Será que seriamos capazes de esquecer e mesmo esquecendo, continuar lembrando?
Que as minhas marcas continuem em meu corpo, elas me lembram o tempo todo que eu estou viva.´
Em quadros antes coloridos agora eu vejo tela branca...

sexta-feira, 16 de março de 2012

A menina abaixou a cabeça em solidariedade a tristeza dele.
Sentou ao seu lado e transformou do silêncio sua melhor forma de abraça-lo.
E ali ficaram, sem falar, sem se tocar...Apenas ali, respirando a presença um do outro. Como era bom estar ali sentindo a plenitude de se se sentir completo por um instante.
Depois, afastando-se não reconheciam mais o silêncio que confortava e buscaram palavras, formas de mostrar que ali estavam ainda. Um ao lado do outro...E de tanto se falar se perderam em conversas que não diziam nada. Foram então, se distanciando e na distância não achavam mais sentido em estarem presentes.
Sem explicações, sem despedidas se perderam, não se acharam. Ficaram no meio termo, entre o certo e o errado...E nenhum dos dois, nenhuma vez, olhou para trás...
A menina sorriu em forma de lembrança viva e o acolheu com o olhar.
O olhar sempre presente, sempre atento...Sempre vendo o que ele não vira...antes transformado em vidro, se quebrou e derramou, sobre o olhar atento de quem soube esperar, a saudade angustiante de quem não soube esquecer.
Lado a lado, sem dizer nada passaram dias e noites conversando sobre o que sentiam. Conversavam pelo toque da pele e pelo sorriso camuflado de felicidade dilacerante que arrancava pouco a pouco os espinhos encontrados durante o caminho. Deixaram de ser quem eram e se transformaram no que passaram a ser. Eram, estavam, ficaram...com a palavra presa na garganta se soltaram e quanto mais se soltavam mais com fervor queriam sem demora estar perto. Com cuidado, se descuidaram e finalmente se acharam, eles que ali sempre estiveram, na lembrança, na saudade, no sorriso bobo formado por um coração de memórias.
Eles que, no entanto se perderam entre as palavras jogadas em forma de canção desafinada, se encontraram novamente na canção muda de pessoas que falam pelo olhar.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Não quero falar sobre o que sinto...Quero respirar, quero viver. E me vejo falando da boca para fora coisas que ninguém entenderia. Coisas que não quero que entendam.
Durmo em horários estranhos e acordo de madrugada para procurar no silêncio as minhas vontades adormecidas. É tão difícil colocar um fim...Mudar o rumo.
Gosto de corpos que conversam e me vejo de repente muda, calada e meu corpo traindo meu querer.
Derrubar paredes é isso que quero, é isso que faço. De admiração eu estou cheia. 
Era uma vez alguém que parava os ponteiros dos relógios. Que não chegava na hora marcada e que desarrumava e confundia...
Era uma vez alguém que me contou um segredo; que não era preciso ter medo. Que ele continuaria ali, mesmo eu não sabendo.
Era uma vez alguém que revelou os sintomas que explodiam dentro de mim...Ele veio pedir para eu reparar bem. Me segurou para eu não sair correndo. Me soltou para eu não fugir. Me assustou e me revelou. Fez pausa, fez canção...
O que se faz com uma história? Se conta incansavelmente para que ela não se perca, ou se guarda para que ela não se vá...
Raptaram meu destino...Posso até adivinhar o caminho que escolheram. Fecho os olhos, o que eu quero é beber da doçura de um beijo sem fim. Enlaço em um abraço que se transforma no melhor lugar do mundo. No seu peito fazendo batuque na tentativa de me acolher. Acolho, escolho, me faço pequena. É silêncio, é respiração contida.
Feche os olhos então, meu escuro é você. Faz fronteira e invadi sem anunciar e passa sem que note a falta que faz quando tudo fica mudo. O que se encontra é o que te satisfaz.
Fingiram ser o que não eram, sorriram em forma de falsa paz...Transformaram a história em notícia e a saudade trouxe despedida.
Era uma vez uma história sem começo...Com seu ritmo lento, desacertado....

quarta-feira, 7 de março de 2012

Chego em casa...Cadê? No lugar em que ele costumava ficar está apenas o vazio. Minha reação é até um pouco fora da realidade para quem ve de fora. Não, não estou falando de alguém querido que se foi. Estou falando de uma coisa querida que se foi, apenas um carro.
Então, como explicar a sensação que senti ao escutar a notícia seca, sem sentimento algum de que ele havia ido embora.
Meus olhos se encheram de lágrimas e sem que eu conseguisse controlar as gotas salgadas invadiram meu rosto..."Você é doente". Este foi o consolo de meu pai. Afinal, é apenas um carro, um objeto e eu não nego que seja isso. É um objeto, um objeto simbólico de tanta coisa...Novamente meu pai não aceita a minha explicação para o choro contido e com sua sensibilidade aflorada responde; "Você é descontrolada". E me entrega uma sacolinha impessoal com todas as coisas pessoais que guardava dentro daquele meu companheiro...Meu pai já sem paciência para o drama vai saindo de cena...Consigo ainda falar "Mas eu nem me despedi dele". Nessa hora meu pai já largou mão de escutar meus lamentos e volta para o seu futebol de quarta-feira.
Perco até a vontade de saber qualquer placar, pego a minha sacolinha com tudo que juntei durante anos e me fecho no quarto.
O que é que está acontecendo comigo? Não tenho nem coragem de ver o que restou dele. Dou uma espiadinha na sacolinha e vejo meu caderno de anotações, aquele companheiro de trânsito lento, que em momentos de inspiração me ajudou tanto. Está ali...jogado, largado.
Tento me acalmar, afinal, é só um carro. Obviamente isso não me acalma. Que importa que seja só um carro? Me importa o que eu vivi com ele, dentro dele ou fora..não sei... Só sei que minhas lembranças eu não coloco assim a venda e sinceramente elas valem muito mais...
A nostalgia vai tomando conta de mim. Me vem na cabeça a primeira raspadinha na garagem, a primeira batida violenta na avenida. É até que ele me aguentou bastante. Os lugares que fui, as caronas que dei, as fugidas, as músicas que pediam para que eu abrisse a janela e deixasse o vento entrar. Os caminhos que ele já sabia de cor...Bobagens, apenas bobagens..Mas quando dou por mim, lá estou eu, novamente olhando o espaço vazio na garagem. E as imagens aparecem me dando susto, vem sem pedir licença e me dão soquinhos na boca do estômago. Aparecem como em filmes as cenas dos primeiros beijos, dos últimos beijos, dos abraços de chegadas e de partidas...O nó na garganta vai se apertando, me vem uma saudade, uma vontade de que as coisas não mudem e de que o tempo não passe.
Dá para esperar um pouquinho? Eu preciso de tempo, não sou boa para despedidas...
Pego um CD com o título obvio de "CD carro" e coloco para tocar. Aí é tortura com meu pobre coraçãozinho que se fragiliza facilmente. Escuto, escuto minha voz de ontem, meus amores do passado, alguns ainda presentes, minhas amizades conquistadas, meus medos, minhas vontades. Aquela sacolinha entregue com tanto desdem vira meu tesouro...
Que estranha essa minha mania de colocar sentimentos em tudo. Me sinto culpada, será que esse meu parceiro não se sentiu usado? Mas que bobagem, é apenas um carro, apenas um carro..Mas, eu não tive a chance de me explicar...Que bobagem...é apenas um carro. É, eu sei disso, mas também sei que não é fácil assim de se desfazer de lembranças e isso, isso não é bobagem.

terça-feira, 6 de março de 2012

Minha capacidade de esquecer é grande, de deixar para trás, maior ainda. Mas, ao mesmo tempo tenho a estranha mania de lembrar demais.
Não nasci para fazer contrato social e me vejo sem perceber atrelada a contratos invisíveis que se desfazem facilmente como castelos de areia.
Posso fazer o meu pedido? Posso ter meu próprio tempo? Não atropelem minha vontade. Procuro no outro o reflexo de muita coisa que guardo aqui dentro...Conte comigo!
Sumo e assumo que não consigo ficar...que não sei parar, que este não é meu lugar. Aonde é que você quer chegar? Eu só quero me libertar de modo que não seja preciso buscar formas de me prender.
Guarde meus segredos, são nossos. De que vale a pena voltar, quando se volta para o nada?
O bom de seguir em frente é que a gente acaba conhecendo muita gente, muita história e sem querer, sem perceber a gente volta, não para o que já passou, mas volta porque sabe que ainda não acabou.
Eu só quero saber sobre aquilo que eu ainda não consegui entender. Eu só preciso entender "por que?"
Eu amanheço com o toque da pele e adormeço com o mesmo toque. Então, se toque não há mal nenhum em ser assim. Não há mal nenhum em gostar assim.
Tenho sede de gente que me completa a alma. Sou cegamente ingenua, mas este não é meu defeito...o meu defeito é achar que todos são assim...Me entrego e me completo porque sou o que sou. Sou a palavra comedida e a vontade desmedida. Sou a busca e a procura e sou aquilo que ainda não descobriu o que é, mas já sabe o que não quer ser e eu não quero ser feita de vontades banais, nem quero brigar com o tempo para que ele me de tempo...Eu ainda gosto de gostar das pessoas. Eu ainda faço questão do outro e eu ainda quero me perder no outro. E se dizem que minha vontade é alheia a realidade, finalmente escolho viver da ilusão. Não me peçam para ser diferente, não queiram que eu seja igual. Algumas coisas a gente vai deixando, deixando até se esquecer que um dia deixou. É mais fácil se despedir assim...
Ela de repente se viu observando a si própria. Observou a si própria decifrando os muitos tipos de sorriso que vinham dele. Se viu contornando lábios e guardando os sinais que ele sem querer jogava para ela.
E então se distraiu...Se ela disesse que esperaria o tempo que fosse já começaria esta história mentindo, pois não há espera que justifique a vontade de mudar o rumo dessa história.
Pensou que talvez em breve esqueceriam tudo aquilo, sem saber que contunuariam lembrando, mesmo sem querer.
Foi procurando detalhes que justificassem esse encantamento. Procurou no olhar, no toque, na respiração, em seus sentidos...e encontrou. E de subto viu-se sendo observada, não por si própria, mas pelo próprio...E nos olhos dele viu refletida sua imagem e começou uma confusão de quem observa quem e que. E desta confusão de olhares, confundiram um ao outro e se confundiram. Confundiram lábios, pernas, pescoços, mãos...
Até que se deram conta que tudo era mais simples, que tudo era mais fácil. Ela se afastou e de longe viu que estas coisas simples e facéis iam morrendo pouco a pouco. E compreendeu que era hora...alguém tem que saber quando é hora de parar.
Na calada da noite apagou a luz e a história de coisas simples, tão simples que complicam o entendimento de quem quer tentar entender o que não tem razão.
Na escuridão contemplou o que guardou, lembrou-se de palavras jogavas, de segredos contados, dos muitos tipos de abraços, das muitas formas de beijos. Guardou tanta coisa que se viu cheia, cheia de vontade! E dessa vontade ficou a saudade...e na saudade ela o encontrou novamente. E novamente entendeu como era simples tudo aquilo.
Simplesmente foi como tinha que ser, foi como era para acontecer, sem precisar de nome, sem precisar que se expliquem, sem precisar que se precise. E o fim veio busca-los...
Ela então escreveu seu desejos na história e cravou no tempo as marcas da sua espera.

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