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segunda-feira, 22 de maio de 2017

A estrela e a menina



Uma estrela riscou o quadro negro do Universo. A menina dos pedidos soltos em forma de canção correu em direção ao horizonte. Para onde aquele brilho ia com tanta pressa? Que dança era aquela que acertara em cheio o ritmo de suas palavras adocicadas?
Na rotina que acalmava a incerteza de não saber quem era, esperava, beira rio, a noite chegar.
E a cena se repetia feito poesia; Ela e o céu dançando o rito de desejos trazidos pelo vento.

Invisível

Era invisível. Pelos corredores se fazia desaparecer. Parecia parte da mobília. Vez em quando algum olhar cruzava com os olhos dela e ela, estremecia. Seus olhos eram de perdão como quem pede desculpas por existir.
Alguns esbarravam em seu corpo recolhido pelos cantos da casa. Escassos casos em que conseguia sentir o calor do outro. Sua voz abafada e rouca cantava a solidão de quem vive a servir.

Passariam anos sem que ninguém a nota-se. Um dia quando seu corpo deu lugar a sua sombra, pode-se escutar alguém reclamar: “Quem trocou os móveis de lugar?”.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Apaixonar-se

Apaixonar-se. Se enxergar no outro. Ver no outro o que há dentro da gente e que se espelha no ser apaixonante. O que admiramos no outro não é o que nos falta, mas aquilo que temos dentro de nós. Precisamos que o espelho do amor reflita em nós, para, quem sabe, perceber que o que amamos no outro é a capacidade de nos fazer entender aquilo que somos.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

A menina e o mar

A menina sentou na pedra, como fazia todas as vezes que precisava parar o tempo e se encontrar. Na bagunça de personagens que ela era dia pós dia, era natural que se perdesse de vez enquando.
A cada parada de tempo que se permitia, olhava de cima da pedra o mar avançar.
Da fúria inconstante de suas ondas à paz de quem sabe chegar e partir.
O mar cantava em seus pensamentos a música da saudade daqueles que esperam.
Do ponto alto de suas absolutas incertezas a menina contempla o sussurro do vento que embaralha seus pensamentos e muda o rumo da maré. Não é fácil ser mar, mas difícil mesmo é não saber amar.

domingo, 10 de maio de 2015

O silêncio da noite é minha música favorita. O frio da paisagem do final de um dia de outono traz paz para meus pensamentos que dançam de acordo com as batidas do meu coração.
O mar amanhecendo é o melhor retrato que meus olhos já tiraram.
O cheiro de bom dia de quem me quer bem me faz doce.
Se me perguntarem no que estou pensando quando sorrio sem motivo, não saberia responder, Da minha boca saem palavras erradas e nas minhas atitudes, vejo tudo que não sou moldando o que acham que sou.
Um dia me disseram que em nossa cabeça existem caixinhas de pensamentos aleatórios. Quando uma se fecha a outra se abre, e assim, a gente nunca para de pensar...Sou bagunça e as minhas caixinhas se abrem todas juntas, se embaralham, transbordam e não se fecham. Criam asas e voam para longe e eu me encontro sempre perdida entre o que penso e o que sou. Queria poder dizer o que penso, mas sem precisar explicar a velocidade com que o que sinto corre dentro de mim.
Ouça meus olhos. Leia minha pele. Escute minha respiração.
Entre tantas coisas artificiais deve, ao menos existur verdade na leitura de um sorriso.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Quando o fim aparece

Quando o amor acontece nunca se imagina que um dia também ele desaparece. Seria estranho pensar no começo pelo fim.
Talvez o ponto final não fosse tão triste se não houvesse o apego por tudo aquilo que se imaginou que poderiam ser e não foram. Difícil aceitar que para cada um “eu te amo sincero” existe um “eu não te amo mais” tão sincero quanto. Seria a pior das traições deixar que o infinito que já não faz bem para aquele que mais queremos bem se perpetue sem vontade.
Para se esquecer alguém o tempo é o melhor remédio.  A  verdade é que o tempo, aquele mesmo que matou sua relação também pode ser o responsável pela salvação de suas noites deitada sofrendo pensando “Será que por um instante de seu dia, você ainda pensa em mim?” Se a resposta para a sua filosofada noturna fosse sim, você certamente receberia notícias dele, mas se você ainda está lendo esse texto é porque a resposta é não. Não, ele não pensa mais em você.
Viva o luto do fim. Ele existe e deve ser vivido, com direito a músicas que embalaram seu romance e a releituras de cartas de amor. Após o triste dia do adeus chegou a hora de limpar a casa para que a saudade não vire assombração. Não é necessário atirar pela janela seu passado e sua história, mas guardá-lo aonde a saudade adormeça e não machuque é uma boa opção.

Não fique em casa esperando que as pessoas percebam que você precisa de companhia, certamente você deve pensar que ainda precisa viver o luto, quando pensar isso, já é a hora de você começar a sair de casa e ver gente.  Procure pessoas que encham seu tempo de novidades e de novas expectativas. Viajar, cortar o cabelo, começar um curso novo, são algumas das muitas  formas de você não trair a sua essência; viver.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Tenho uma regra sobre o primeiro encontro. Ele não passa do primeiro. Nada contra os encontros clichês em bares, cinemas e restaurantes, mas para que exista o segundo encontro é necessário que eu não perceba que passei pela primeira etapa de desvendar a intimidade alheia. Tenho preguiça de me apresentar e aquele silêncio constrangedor de duas pessoas procurando um tema para debater me deixa sem paciência. O momento que antecede o beijo é ainda mais difícil. Situação chata em que o cara resgata sua máxima coragem e que em casos extremos pede sua autorização para beija-la.
Eu não deveria me explicar, mas sinto a necessidade de compartilhar da minha fobia de encontros.
A noite pode até ser divertida, mas quando volto a minha zona de conforto, me esquece, dificilmente voltarei a batalha das mão dadas sem intimidade, do carinho sem afeto e do beijo sem frio na barriga.
Minha forma de ser é peculiar. Não nego, mas acredito em encontros sem serem marcados. Eles funcionam comigo e meu medo do outro se apaga por completo quando isso acontece.
Os moldes me assustam. Peço desculpas por essa minha regra tão infantil, mas sou tão confusa dentro de mim que acabo me perdendo no "vamos nos ver de novo." Quando essa frase chega eu já estou distante pensando na nova regra que me distanciará da intimidade e de compromissos que não consigo anotar na minha agenda.

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