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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Não sei o que é linha de impedimento, mas sei o que são as linhas de expressão que se formam no rosto de um torcedor ao soltar o grito de gol.
Sou argentina. Em meu sangue correm as águas do Rio de La Plata em ritmo de tango. As sementes de minhas raízes foram plantadas em Boedo, bairro de tango, tradição, de senhores e senhoras sentados na porta de suas casas no final da tarde para uma conversa descompromissada tomando “unos mates”.  Bairro com cheiro de lembranças, de casas simples e da paixão por San Lorenzo de Almagro. Meu time, time da minha família.
Foi nesse bairro que carrega tão claramente a leveza e o peso de ser portenho que vivi um dos melhores anos de minha vida. Foi em uma casinha Amarela na Rua Estados Unidos que descobri, enfim o peso da palavra família.  Éramos doze meninas vindas de diferentes lugares, com sonhos ainda escritos no papel e vontade de devorar o mundo. Nesse antigo casarão transformado em republica que encontrei onze irmãs. Elas merecem um capitulo a parte em minha vida, pois o que vivi ao lado delas ainda não sei colocar em palavras, mesmo tendo se passado tanto tempo.

Meu avô nasceu em Boedo e o escudo do San Lorenzo de Almagro é o brasão da minha família. Não apenas da minha, mas de tantas outras que vejo nos estádios cantando juntas e se abraçando com um calor inexplicável a cada gol a cada vitória ou a cada derrota. De futebol eu realmente não entendo, mas de tradição sim. E está no sangue de “los cuervos” a herança deixada de pai para filho. Se olharem com atenção para essa torcida azul e vermelha  encontrará no meio de tantos outros fanáticos o presidente “Del ciclon”. Ele está ali no meio da massa, torcendo e gritando. Ele sai junto com a torcida e abraça cada um dos tantos cuervos com a ternura de  irmãos distantes que tem algo em comum. A paixão pela tradição, pela família, pelo futebol raça, pelo bairro de Boedo. A paixão por San Lorenzo de Almagro.

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