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domingo, 30 de dezembro de 2012

Meu caminho não pertence a ninguém, meu futuro não tenho idéia de onde vai me levar, mas eu sei aonde eu guardo meu passado. Quem me quer sabe aonde me procurar, porque é impressionante como eu fico impregnada na lembrança das pessoas. Passe o tempo que passar é lá que eu estou, naquela foto antiga, naquele beijo esperado, na saudade que não sufoca mais.  Pode passar o tempo que for, ele poderia ter sido tanta coisa e quis ser só saudade. As vezes eu queria ser isso; Saudade. Por que será que quando eu sou o agora eu não sou presente? Ele foi meu presente, meu passado e não importa quem venha no futuro lá estará ele, sem querer sendo lembrado, sendo comparado, sendo guardado. Foi meu beijo mais doce, meu abraço mais triste, meu encontro marcado com a certeza de que só sabem gostar de mim de longe...Eu aceito que de longe é mais fácil me entender.
Ele voltou, como prometido, como reservado em alguma parte do meu querer. Sabendo exatamente da onde a gente parou e porque a gente parou. Não foi de brincadeira. Foi tão real que ainda levo as cicatrizes de uma história mal escrita. Eu sempre quis esperar e ter a certeza de que eu esperei porque acredito em histórias de amor. É amor, porque amor não acaba e não acabou...Como sempre traço minhas histórias nas reticências. Já não doi mais, é gostoso de lembrar. É fácil guardar e preservar. É que tudo volta e esse ano voltaram tantos com as promessas que antes não haviam cumprido. Vieram com a certeza de que tudo passa e o que não passa é porque não tem motivo para ser esquecido. De todos que retornaram para o meu presente só um eu embrulho e guardo na minha caixinha de histórias eternas. Acho que é minha sina andar sempre na contramão do tempo e da vontade. Vieram recheados de novas ilusões, de certezas que antes só eu tinha e de histórias vazias. Eu não quero ser vazia...Mas é que todos me jogam para o futuro, como se eu fosse livro que pode esperar o momento certo de ser aberto e desvendado. Eu acredito que existe mesmo essa história de momento certo, mas o que eu posso fazer se eu sou sempre tão incerta?
Procuraram, encontraram no mesmo lugar em que haviam deixado. Não mudo tanto assim, ainda acredito nas palavras e guardo atitudes impensadas para provar que eles vem sempre com armaduras, mas não para me defender do dragão, mas sim, para se protegerem...Não vale a pena me guardar, tenho prazo de validade e quando chega o dia de eu ser de alguém não me encontro com ninguém.
Talvez eu seja isso mesmo, história para ser guardada, saudade para ser lembrada, um livro bonito na estante que é difícil de ser compreendido.Que muitos gostam, mas só sabem olhar a capa.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Tenho um novo costume. É que preciso de novidade, não só por mim, mas pelos que estão a minha volta. Essa é uma forma do meu tédio não se transformar em surto, noia, brigas e afins. Só estou preservando minhas relações quando resolvo ter uma nova mania. Não escolho ela, simplesmente aparece eu vou indo, até me cansar...Gosto de conversar com pessoas que não conheço. Pode ser de qualquer lugar, mas meus preferidos são os taxistas e aqueles caras que ficam  do outro lado do balcão servindo uma cerveja ou pinga para aqueles seres tão solitários dos botecos dessa cidade. A conversa varia, pode ser sobre futebol, desilusões amorosas ou o que virou notícia no jornal. Confesso que meus temas favoritos ainda são os dois primeiros. Primeiro porque conheço pouca gente que não goste e futebol e acho que não conheço ninguém que nunca tenha amado. Chego a conclusão que futebol e amor combinam, bom, pelo menos em conversas jogadas fora...
Quando eu era mais nova não gostava de entrar em táxi sozinha. Achava uma intimidade meio forçada, duas pessoas que não se conhecem sozinhas em um ambiente fechado. Ainda tenho um pouco de medo dessa situação, mas quando o assunto flui esqueço esse meu pensamento medroso. Só comecei a me sentir mais segura nessas ocasiões quando morei em Buenos Aires. Era só entrar em um taxi que a conversa já estava preparada na ponta da língua do taxista, no começo eu meio tímida e não querendo mostrar meu sotaque só falava meu itinerário e fingia indiscretamente que lia algum livro ou que estava muito ocupada com meus pensamentos, mas fui tomando gosto pelas conversas que vinham de seres que eu nunca tinha visto e que provavelmente nunca mais iria ver. Os assuntos variavam, política e futebol eram os assuntos preferidos. Aprendi sobre todos os times do campeonato "Clausura" e entendi sobre um governo tão contraditório. Algumas corridas paravam na porta de casa e o assunto não terminava, era uma pena, são tristes estes cortes brutos.
Aqui no Brasil não conheci taxistas tão animados a falar quanto os porteños, mas as vezes dou sorte e encontro algum que sabe como começar um assunto sem cair no vazio. Começando quase sempre pelo tema futebolistico e indo para divagações sobre a vida.
Conheci um, certa vez, que adorava signos. Assim que entrei no carro disse: "Ariana não é?". Já me impressionei com a abordagem para início de diálogo e até pensei em fazer um caminho mais longo. Respondi com um sorriso que dispensária qualquer resposta falada, me orgulhando do fato de ser ariana. O senhor então sentado a minha frente com atenção firme ao trânsito apenas respondeu. "Coitado dos que vivem com você." Disfarcei meu desapontamento questionando o porque de tal afirmação injusta. "Ariana é mulher difícil. Complicada demais." E por mais que eu tentasse entrar em temas mais amenos ele conseguiu fazer uma boa análise de mim apenas pelo signo. Acho meio bobo esse negócio de mapa astral, signos, ascendentes, mas admito que em grande parte ele estava certo.
Outro dia entrei em um táxi sem muita vontade de exercitar meu novo prazer de conversas estranhas com gente esquisita. Apenas sentei, falei para aonde queria ir e me calei. Deixando aquele silêncio desconfortável tomar conta da situação. Mas esse era um daquelas pessoas que te amarram na conversa sem que você perceba. Eu caladinha noto que sou observada e antes que possa vir aquele meu medo infatil da inimidade forçada o cara de cabelo bem preso em um rabo de cavalo comprido e cacheado já dá a introdução a um tema polêmico. " É você tem o coração na sola do pé."
Queria uma definição para tal expressão. Simples, ele assim que me observou já tirou a conclusão, sem saber meu signo, de que eu chutava corações.
Se o que ele queria era uma conversa amena sobre a vida e os amores, ou sei lá o que, recebeu uma tonelada de informações que desmistificavam a impressão que ele tinha a meu respeito. Não adiantou muito eu contar meus casos amoros, minhas dores de amor. As conclusões dele só pioravam. "Nossa, mas você é muito complicada menina. Não é culpa desses seus mocinhos não. Você não termina nada que começa." Nessa hora eu achei que meu pai o havia contratado para ter uma conversinha comigo.
Então ele me contou sobre sua vida, sua mulher, seus amores. Sobre a hora em que ele descobriu quem era o amor de sua vida e essas histórias que só me distanciam mais ainda desses romances água com açúcar em que é preciso inventar um caos para ter graça.
Chegamos ao meu destino. Paguei, agradeci pela conversa e sai no meio de uma chuva forte. De dentro do carro o taxista viu uma menina vestida para uma festa de alegria forçada. Cabelo já desarrumado, maquiagem já borrada. Comecei a andar para a festa ele ainda abriu a janela do táxi para sua última grande conclusão. "Você deve ser cruel. Menina complicada você. Só que está carente e mulher carente fica com esses caras que não entendem nada. E você pode me contar o drama que for. Quando te olham sabem que você tem o coração na sola do pé."
O carro se afastou e eu fiquei lá, na chuva...Tentando entender a minha natureza complicada que se fecha com medo de machucar e acaba se machucando para evitar a minha essencia. Destruo o que construo. Como brincadeira de lego perco as peças e acabo com construções vazias.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Tenho saudade dos meus amigos. A gente se perde das pessoas sem se dar conta. Não é porque elas não são importantes na nossa vida, é porque a gente se acostuma a tudo. Mas esquecer, isso não.
Enfim, um desses amigos que são eternos, independente da distancia e dos caminhos escolhidos me ligou hoje. E embora eu não goste muito dessa coisa de telefone e prefira mil vezes uma conversa olhos nos olhos, foi muito bom escutar sua voz.
Em um dos momentos da conversa ele chegou a uma conclusão. "Você mudou muito. Não percebeu? Tá tão desencanada..."
É, acho que eu estou começando a aceitar o fato que de que já não me importa tanto. Essa pressão, todo esse tumulto para que tudo se resolva, para que não existam pendências na vida. Eu quero mais é que o tumulto invada meu corpo e faça música com meus sentimentos. Pois é, eu sou tão inconstante que aprendi a aceitar com paciência que não serei o que esperam que eu seja. Querem que tudo seja definido e o pior definitivo.
E que pressa é essa? Tudo tem que ser já. Deixemos os prazos, essas metas para os escritórios. Na minha vida eu quero poder querer e depois de dois minutos não querer mais. E poder não dar nome a aquilo que todo mundo faz questão de definir.
Sem pressa. Quando a saudade aparecer, ou a vontade transbordar a gente volta a história, recomeça, inventa um novo começo.
Não me venham com a teoria, com a forma ou fórmula exata. Não funciona, nunca fui boa em matemática e muito menos em relações...Ou seja, que nada nos prenda. Nomes, prazos, definições. Eu quero muito mais que isso e se no final não for nada do esperado, melhor. Adoro surpresas!
Quando me dizem "você merece muito mais..." Eu fico pensando. Porque sempre esperam que eu queira mais? Ou que eu espere mais? Eu só quero o instante, aquele momento e se me falam o tempo todo o que eu mereço eu começo a entender que não adianta a minha escolha, sempre vão achar que eu preciso de mais. Eu não quero mais....Em todos os sentidos o que eu quero agora é ter a liberdade de dizer a quem quiser ouvir...Não me digam do que eu preciso. No fundo no fundo do que eu preciso está aqui, bem ao alcance das minha mãos. Momentos, histórias e porque não saudades guardadas. É disso que eu preciso no momento. Nada mais...E que a paixão cuide do que tiver cuidado. O resto é apenas sobra de histórias mal vividas.
Me dá uma chance?
Como se eu mandasse na minha forma de não dar espaço para oportunidades.
Eu espero, não tem problema...
Mas é preciso mais do que paciencia para perceber que meu molde não se encaixa assim com um beijo sem história.
O problema é que eu sou romântica, demais até, e guardo pequenos gestos em lugares tão especiais que é difícil eu por um basta nesses romances mornos.
Por que é que eu não desisto? Eu desisto, mas é aos poucos e quando dou por mim me pego pensando aonde é que eu guardei todo esse sentimento que eu sentia.
É que eu tenho tanto medo da saudade...Tenho tanto medo de não saber mais sobre aquela pessoa, ou pior, tenho mais medo de não querer saber e mesmo assim doer quando sem querer a gente lembra.
As coisas são como são, ou pelo menos deveriam ser. Se eu digo que estou cansada é porque eu estou cansada. Não existe meio termo para isso e não entendo quem interpreta tudo como algo a mais. Se eu digo que não, geralmente é não. Se mudo minha idéia ou opinião sou a primeira a correr atrás daquele não e transforma-lo em sim. Só não me pressionem. Porque ai sim, sai tudo ao contrário.
Então eu sumo. Faz parte do meu show de ilusionista brincar com meus sentimentos e transforma-los.
Me  perguntaram se, caso eu tivesse a oportunidade de apagar alguém da minha memória eu apagaria.
Pensei...não, não teria coragem de apagar as tatuagens que marcam meu corpo. Falei baixinho os nomes que tantas vezes pronunciei, só para ter a certeza de que ainda consigo sentir o que sempre senti. Só para saber se meu corpo ainda sentia o cheiro e se acaso ainda tremia ao reviver todo o filme na minha memória. Se, talvez, eu esquecesse...será que eu voltaria a me apaixonar pelas mesmas pessoas?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Um dia escrevi sobre meus enterros de amor. Todo ritual e minha forma nada convencional de esquecer...Um dia prometi que não seria a última vez e que não importaria o tempo eu esperaria. Sem perceber, eu esperei e me guardei para o grande dia em que tudo voltaria a ser como um dia, deitada em minha cama eu sonhei que seria. Dizem que se na vida a gente tiver um grande amor já é muita sorte e eu aceitei isso e me condicionei a aceitar que meu grande amor ficou lá, guardado esperando o momento exato de voltar. E ele voltou, voltou de forma lenta e doce, inesperadamente, assim como foi inesperada a separação inevitável. Com ele veio uma nova forma de entender o que sou e o que quero. Não fui eu que esperei, foi ele quem esperou o tempo certo de entender o nosso tempo. E o nosso tempo ficou lá atrás junto com o cheiro que até hoje me dá nó no peito. Ele foi meu grande amor. Mas não foi o único...Porque entendi que algumas pessoas a gente enterra, porque morreram dentro da gente. Só que é impossível matar dentro de nós essa saudade gostosa que vem da lembrança do que nos fez bem.
Azar de quem não teve um grande amor. Não precisaria nem ser grande, bastaria ser amor e foi. Do meu jeito sempre errado...foi. Aprendi assim, a esperar e nas minhas esperas longas nunca encontrei alguém que entendesse que minha forma de gostar não vai embora com a distancia ou com o tempo. Eu me alimento disso. É da ausencia que me vem sempre a certeza de que algumas histórias só podem ser escritas de longe.
Não me assustou sua volta, me assustou perceber que meu corpo já não tinha o mesmo ritmo do dele e me assustou mais ainda entender que existem mesmo coisas que são eternas e que pode passar o tempo que for minhas esperas sabem exatamento o momento em que parei e entendem que continuar talvez não seja avançar, mas manter essa história sempre presente, sem que se perceba, solta no ar.

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