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quarta-feira, 27 de março de 2013

Se um dia eu perder a memória

Preciso saber quem sou e quem fui.
Se algum dia, por acaso, eu acordar e não me lembrar...Tenho a necessidade de não esquecer certas coisas.
Não me tranquem em espaços pequenos, com janelas fechadas. Me faz falta o vento da liberdade soprando meus cabelos.
Por favor, não joguem fora meus diários, guardo neles pedaços de saudade ocultos em objetos sem valor visível.
Gosto de solidão, portanto não me sufoquem com presenças vazias. Me dêem meus livros favoritos para ler. Muito do que sou vem desses personagens que tanto fantasio. Você saberá quais são eles. Possuem as capas mais gastas e as páginas mais amareladas da minha estante.
Tenho uma melancolia só minha. Não adianta tentar me alegrar, trago comigo esse nó no peito. Não tem motivo, nem explicação, mas é o que me torna quem sou. É a minha inspiração e a minha inquietude.
Se você for alguém que eu gosto muito e meus olhos não te reconhecerem, por favor, não abra mão de mim...Sou difícil de ser cativada, mas prometo que o meu gostar não é passageiro.
Não gosto de toque, então, não me abrace demasiado e nem me sufoque. Se me achar fria, sinto muito, é meu jeito de te  querer. Algumas pessoas entendem e é delas que sentirei saudade, sem ao menos notar.
Fui criança até me obrigarem a crescer e suspeito que ainda trago comigo os olhos inocentes de quem não vê maldade. Precisava dormir com alguém até me sentir segura para enfrentar meus pesadelos sozinha. A noite sempre me assustou  e me fascinou. Tome conta do meu sono, é horrível acordar de madrugada sozinha.
Minha tendência é viver no mundo da fantasia e se me ver falando sozinha, não se preocupe, meus pensamentos ganham vida e eu me perco em meu mundo particular facilmente. Só me traga para a realidade se for extremamente necessário ou se quiser me fazer viver uma realidade de sonhos. Se por um acaso, eu te convidar para meu mundo particular, é porque quero você por completo, em todos os meus mundos e pensamentos.
O mar me acalma. É meu esconderijo. A primeira vez que andei foi em direção ao oceano. Me atrai a infinitude e o mistério das ondas que beijam a praia, sem se cansar.
Se me encontrarem triste ou desesperada pelas saudades que nem sei que sinto, me levem para caminhar na areia. De preferência, me deixem só, eu me entendo com a solidão.
Faço coleção de beijos e fatalmente sou romântica e dramática. Em minhas histórias não há espaço para a "água com açúcar". E se acaso me quiseres seja manso, me conquiste sem que eu perceba até o ponto que eu não possa mais fugir. Sou arisca, não tente me entender, só me aceite do jeito complicado em que tento explicar o tempo todo o que quero.
Tive uma cachorra que preciso que me lembrem que existiu. Ela foi minha parceira, a prova da minha infância feliz e o sinônimo de saudade que doi. As fotos dela estão escondidas em uma das minhas muitas caixinhas de lembranças. Me digam apenas quem ela foi, o resto os olhos dela me explicarão.
Existem coisas que digo que quero esquecer. É delas, principalmente, que preciso que me lembrem. Tenho a estranha mania de definir e finalizar minhas histórias como textos. E gosto muito de usar as reticencias em ambos...
Danço, faço teatro. Sou artista. Me levem apenas para ver o palco, meu instinto fará o resto.
Se já te disse alguma vez "te amo", não se preocupe, de você eu não esquecerei. Meu corpo guardará as sensações dessas duas palavras ditas com medo e não será preciso que minha mente se recorde. Minha pele mostrará as marcas do meu querer.

domingo, 17 de março de 2013

Sem pedir licença

Sentia o ar lhe faltar...Um dia ela chegou a acreditar que era para sempre. E em sua frágil forma de enxergar a vida deixou que o tempo passasse por ela, sem se dar conta da doce ilusão que era acreditar que esqueceria.
O principe de suas histórias romantizadas. O protagonista de seus sonhos, era assim que ela o guardava, sem ao menos ao menos perceber que não deixaria ninguém ocupar o espaço preenchido de sentimentos que talvez só ela sentisse.
Quando o observou parado em sua frente, com o mesmo olhar de mistério, com a mesma forma calma de mostrar o que sentia, soube que o havia guardado por tanto tempo e tão intimamente dentro de si que não conseguia encontrá-lo. Ele era a ilusão do abraço protetor, do beijo de tirar o folego, do homem que iria tirá-la de seu castelo feito de medos.
Será que eles ainda tinham todo aquele tempo como aliados de uma história que merecia pausa para se recuperar o folego?
Seu coração sempre tão cheio de dúvidas e incertezas, questionava aquele ser tão familiarmente desconhecido. E junto com ele veio o medo de passar a vida toda sem se encontrarem. Ele estava ali, na sua frente e parecia que uma vida havia passado e que encontravam zerados, sem passado.
Ele sorriu com o sorriso de desculpas. Desculpava-se por não ter acompanhado tudo que prometera ver de perto e se aproximou daquela que o observava com a ternura reconhecida de quem não se importa com as magoas passadas.
Ela já não sentia saudade. Não queria reviver uma história passada. Não, os detalhes que os uniam haviam se perdido, mas havia algo, um laço invisível que os uniria para sempre, com a mesma cumplicidade de todos os beijos feitos de promessas vazias.
Ela entendeu que sempre o amaria, mas que ele seria apenas lembrança que voltaria sem hora marcada para lhe mostrar que nas pausas impostas pelo tempo ele estaria lá para observar as confusões de sentimentos que só ela sabia sentir. Sem pedir licença, ele voltava, como se daquela história só ele tivesse domínio e fazia a menina enxergar que o que ela tinha não era suficiente, assim como nunca havia sido suficiente a presença sempre ausente daquele homem.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Vamos dizer Adeus sem rancor e sem dúvidas de que é o melhor. Vamos nos despedir com a certeza de que tudo que vivemos nos mudou muito. Sobre os segredos dos olhares se escondem histórias que não podemos mais reviver. São fotografias que não podem ser rasgadas. Pelo que tivemos vale a pena um suspiro mais. Mas não tentemos mais.
Como é o olhar de amor? Como enxergar o que os olhos não vêem? Esqueça as palavras, as palavras são burras. Guarde os toques e as sensações de saudade presente, aquela que se sente ao lado de quem você não quer dizer tchau. Quem quer despedidas? Como disse Mauro Beting em um dos melhores textos dele que já li; "Feliz é quem tem alguém para mirar. E se mirar." É preciso deixar que os olhos falem, olhos nos olhos. Entenda, talvez que não consiga me explicar com palavras.
O presente é o único que temos....E a saudade, a saudade vem depressa refazendo os laços que imaginava estarem soltos. Minhas fotos, meus olhares distorcidos com o passar do tempo. Minhas inumeras despedidas. Nada disso muda o peso de uma fotografia bem tirada, que retrata uma vontade desmedida de se viver aquele instante um pouco mais.
Minha professora disse que temos que jogar fora recordações antigas e se, afinal, terminou não é preciso guardar. O que sinto pode mudar eu posso mudar, mas tenho a certeza do gosto que gosto de levar comigo. Faço coleção de sentimentos e não me desfaço do que me fez bem. Guardo a sete chaves segredos de olhares cumplices que desvendavam palavras que não eram necessárias. Guardo o que muitas vezes achei ser amor e busco a receita para transformar tudo em carinho e ternura. Aceito meu passado como algo que cruza meu futuro e não me agrada jogar nada fora. Me aceitem com o peso que levo comigo. E digo sem vergonha que sofro de saudade constante de tudo que vivi e de tudo que eu imaginei ter vivido. Some os detalhes de pequenos gestos e então te darei peças de um quebra-cabeças que não sei montar sozinha. O que tivemos será captado em uma fotografia retratando a felicidade de ter o mundo no alcance de nossas mãos.

terça-feira, 5 de março de 2013

Medo de dormir

A calada da noite me engole com tanta verocidade que, devo confessar, me deixa apavorada. Logo eu que tenho tanta dificuldade para dormir e agradeço quando o sono vem, ultimamente peço para que meus olhos não pesem e eu consiga passar a noite em claro.
É que tenho tido pesadelos horrorosos e não há nada pior do que acordar na madrugada silenciosa assustada. As vezes ligo para algum amigo ou mando mensagem. Não para que me consolem, mas para me por novamente a par da realidade.
Não existe nada melhor do que alguém que vela pelo seu sono ou a sensação da pele de outra pessoa ao seu lado compartilhando uma respiração que ganha ritmo de dança.
Falando em sono, adquiri o hábito de observar os outros enquanto estes dormem. Que eles não me percebam enquanto faço isso, pois não sei se me entenderiam. É que eu gosto da paz que o outro me traz enquanto tranquilamente mergulha no mundo dos sonhos.
Quando eu era pequena e o medo de dormir me atormentava meus pais iam até meu quarto e me diziam; "dorme, pode dormir que eu fico te olhando." Não havia segurança maior que essa, saber que eu podia fechar os olhos e relaxar enquanto alguém cuidava de mim. Quando a gente cresce nosso sono é tão solitário. Meu medo da noite quase se transformou em fobia e quando meus pais cansaram de passar as noites em claro zelando pelo sono da filha caçula tive que enfrentar a madrugada de frente. Não foi fácil, o hábito de ter medo já me deixava apavorada e logo eu que sempre detestei depender dos outros dependia de olhos que não fechassem enquanto eu dormia.
Agora grande, admito, ainda tenho medo da noite. Esse ser misterioso que engole o dia e faz as horas passarem depressa. Mas, as vezes, encontro alguém disposto a enfrentar a noite ao meu lado e como é gostoso fechar os olhos ao lado de quem te quer bem e enfim poder dizer: durma medo meu...

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