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sábado, 27 de julho de 2013

Sintomas efêmeros

Ela foi ao doutor para que lhe examinasse. A tempos presenciava sintomas estranhos do qual não conseguia se livrar.
O médico então, com seus óculos equilibrados na ponta do nariz, seu bloquinho de receitas medicas e seu cabelo já cinza, à escutou sem ao menos piscar.
Ela que à tempos sofria de frios constantes na boca do estômago. Que se sentia muitas vezes com a cabeça em outro mundo, começou a lhe indicar todos os sintomas de sua frágil doença. Não era fácil para ela apontar os danos sem reparo que sofria. 
Era como se o mundo já não tivesse cor exata, uma vez que a cada momento via novas cores em seus dias, que antes não conhecia. 
Seu sono se tornará leve e cada minuto transcorrido pareciam horas inacabadas. Já não sentia vontade de comer e sua fome era saciada pelo gosto que guardava nos lábios. 
Sentia que lhe faltava o ar muitas vezes e de súbito tinha a impressão de que uma mão de ferro esmagava seu coração deixando-o tão pequeno quanto uma avelã.
Era como estar em uma montanha russa de sensações estranhas e obscuras que hora lhe agradava e muito e hora a sufocava.  Um sorriso indevido fazia esboço em seu rosto durante todo dia e suas bochechas rosadas já não davam conta de agüentar sua boca avermelhada sempre entre aberta. 
Pediu para que o doutor lhe mostrasse os sintomas da felicidade, pois, pensava ela, que se isso fosse a felicidade talvez ela não estivesse pronta para carregar tanto sentir.
E aos poucos descrevendo tudo que sentira nos últimos tempos e vendo que o médico não esboçava nenhuma reação, foi ficando calada. Procurou no mais fundo de seu ser todos os sintomas que sentira nos últimos tempos e pensativa ficou quando já não sentia que cultivava as borboletas em seu estômago. 
Encarou a dura realidade de seu sentir esgotado e com apatia, lembrando-se do tonta que era ela por estar ali com sintomas tão fugazes, disse ao senhor sentado a sua frente.
- Mas veja só que bobagem a minha. Tudo que antes sentia já não consigo nem ao menos descrever. Já não sinto o que acabo de lhe dizer. Já faz muito tempo.
E o doutor que inesperadamente mudou seu semblante exclamou.
-Pois isso sim é grave! 

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