Era invisível.
Pelos corredores se fazia desaparecer. Parecia parte da mobília. Vez em quando
algum olhar cruzava com os olhos dela e ela, estremecia. Seus olhos eram de
perdão como quem pede desculpas por existir.
Alguns
esbarravam em seu corpo recolhido pelos cantos da casa. Escassos casos em que
conseguia sentir o calor do outro. Sua voz abafada e rouca cantava a solidão de
quem vive a servir.
Passariam anos
sem que ninguém a nota-se. Um dia quando seu corpo deu lugar a sua sombra,
pode-se escutar alguém reclamar: “Quem trocou os móveis de lugar?”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário