Total de visualizações de página

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Conversando com a minha avó percebo que os grandes amores estão cada vez mais distantes da minha realidade. Tudo que vem é explosivo e vai embora. Deixa marcas, mas não cicatrizes. Aonde está esse amor que vejo nos livros e poesias?
Minha avó guarda com elas todas as cartas de amor que trocava com meu avô. Lá eu encontro o que busco, um pouco de um amor construido com o tempo. Que tempo é esse que não faz a saudade passar?
Pergunto para a minha avó porque ela não lê essas cartas que estão guardadas. A resposta dela é clara e contida. Um choro de uma saudade avassaladora que faz com que pareça que foi ontem que meu avô foi embora. "Eu não tenho coragem de ler. A saudade é insuportável" responde ela com um nó que nunca se desfaz da garganta. Toda vez que escuto minha avó falando de meu avô vejo como a saudade é cruel. Está ali presente o tempo todo batendo em sua porta e deixando o passado sempre presente.
O que se faz quando a gente olha para o lado e sente o frio da ausencia?
E quando a gente fecha o olho e sente o cheiro de um momento que já passou invadir nosso corpo. Tem como fugir disso?
Só sei que há quarenta anos minha avó aguenta a essa saudade que não a abandona nem em seus sonhos. E eu percebo que até pouco tempo eu nem sabia o que essa palavra significava fico pensando se um dia eu vou sentir tanto a falta de algo como ela sente...
Talvez essa dor que a acompanha a todo o momento feito sombra passe...Mas eu sinceramente acho que não tem como passar. O que vejo nos olhos da minha avó é muito vivo para morrer e o que escuto em sua voz rouca de emoção é uma história de amor que o tempo não apagou....

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores