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sábado, 10 de setembro de 2011

Sinto falta de viver em Buenos Aires. Das ruas sempre cheias de gente e do cheiro caracteristico de um pais que me recebeu muito bem.
Hoje para matar a saudade de ser mais uma pessoa na multidao fui ao jardim que costumava ser meu ref'ugio. Levei meus cadernos, livros e musica...
Sentei em um banco em frente a casa que sonho ter em meu jardim e comecei a escrever. Estou tao leve, sem nenhuma bagagem nas costas. Estou apenas cheia de nostalgia. La estava eu lembrando com saudade da menina que ia se esconder en el Jardin Botanico quando vejo um senhor sorrindo e vindo em minha direcao. A principio me assusto, as pessoas por aqui sao meio loucas, mas entao ele me olha e diz com uma voz forte e triste "Estoy muy aburrido en mi departamento" e senta-se ao meu lado. Todo o medo que tive passa neste instante e lhe retribuo o sorriso. Comeca a falar comigo. Eu apenas o escuto. Acho que e isso que lhe faz falta: alguem que escute, que sente-se ao seu lado e lhe faca companhia.
Quantas historias aquele rosto marcado pelo tempo tem para contar? Me contou que fugiu da Siria a 50 anos, que a vida por aqui nao era facil e que sua mae havia lhe obrigado a casar com uma mulher muito mais velha que ele, mas que ele havia recusado e  casado com seu grande amor.
Enquanto o senhor me contava tudo que achava relevante sobre seus 83 anos de vida eu o observava. Estava muito arrumado, parecia um personagem de filme. Seus olhos se perdiam em suas historias e era dificil entender seu castelhano.
Ao fundo a cidade estava agitada, mas ele trazia uma paz de quem apenas espera.
Antes de se despedir me disse que era so, que sua mulher ja havia partido. Como devem ser dificeis as despedidas impostas pelo tempo. Se levantou e comecou a caminhar, se virou e disse "sabe o que me matou? A saudade". Disse isso como se aquele corpo diante de mim nao tivesse mais vida, apenas historias...
Tambem me levantei e resolvi caminhar. Nao quero morrer de saudade! Se ainda posso escolher quem quero ter ao meu lado nao e justo nao te-las. Nao quero me privar de fazer historias e nao quero chegar no limite desta vida sabendo que tomei minhas decisoes pelos outros e nao por mim.

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