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segunda-feira, 26 de março de 2012

Ela estava lá, perto do balanço em que a menina costumava balançar. Sentia o vento beijar suavemente seu delicado corpo e lentamente abriu as pétalas para o dia que surgia. Todas as manhãs ela esperava pela chegada dele, pelo momento do encontro propício. Ela era aquela que se despedaçava pouco a pouco. Triste flor de outono. Não entendia como era possível ele viver indo embora. A cada ida, levava um pedacinho dela. Tentativa de enfeitar o seu ser com a beleza que ela guardava só para ele. Ele estava não muito de longe, mas nunca perto. Cultivava distante a sua flor de primavera. Usou a distancia como motivo para nunca se unir a ela. Chegou um dia e viu sua flor chorando, mas a  sua tristeza não era causada pelas muitas despedidas dele..outro havia a arrancado um pouco da beleza de sua flor e levado consigo...Isso o deixou angustiado. Como estar longe e ao mesmo tempo proteger sua flor dos outros ? Criou então uma cerca, afastando assim qualquer um que pudesse magoar sua delicada flor. E dessa forma, se despreocupou de observa-la sempre, já que ninguém podia toca-la.
Em uma dessas  noites em que a lua sorri lá no céu, a saudade bateu em sua porta, e com sua mão forte, apertou o coração do jovem. Este saiu pela noite fria de inverno para resgatar sua flor da ausencia que tinha a congelado. Chegando lá, perto do balanço viu a pequena cerca que a protegia de todos, menos dele, crescida. Se tornara mato, arisco matagal que o impedia de ver sua flor.
Ela estava lá ainda, presente como sempre, mas sem poder ser vista.
Ele estava lá também, como sempre esteve, distante, mas perto suficiente para que fosse possível notar sua presença.
E assim ficaram, durante o inverno que os congelou, cada um preso no seu jardim de solidão.

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