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quarta-feira, 28 de março de 2012

Fui criada em um ambiente pedagogico. Em todas as poucas escolas que estudei tive minha avó ao meu lado como exemplo de educadora e de ser humano. Uma grande coordenadora e uma sensível mulher sempre presente e sempre atenta, principalmente com seu querido corpo docente.
Cresci assim, escutando de todo mundo que eu deveria ser o exemplo, mas nunca consegui ser. Aliás, nunca consegui ser o que exigiam que eu fosse.
Lembro-me como a minha avó defendia os alunos que não eram exemplo a ser seguido, talvez por isso hoje eu não acredite nessa frase clichê e errada. Durante algumas semanas meus pais acolheram em minha casa um menino mau exemplo, que com a morte da mãe e da avó, suas defensoras, passou a ser um grande problema na escola em que estudavamos.
Adolescente rebelde, não foi fácil para meus pais criarem um menino desiludido com a vida. Lembro-me do dia em que vi a porta da entrada da minha casa aberta, minha mãe no portão com lágrimas nos olhos e a silhueta do menino de longe, bem distante escolhendo um caminho que com toda a certeza não era o caminho dele. Não sei o que aconteceu com este meu "irmão" de poucas semanas. Só sei que por ele ser um problema, ninguém quis ficar com ele. Não culpo, mas não entendo.
Não entendo como definem quem é e quem não é um bom exemplo em nossas vidas. Sinto muito, mas precisamos de todos os tipos de exemplos para saber o que é que realmente queremos ser e com quem queremos estar.
Escolher o caminho mais fácil, pode ser uma solução. Pode resolver nossa vida, mas não resolve a vida de quem não se encaixa.
Não me tomem como exemplo a ser seguido. Não acreditem que faço as coisas sempre certas, porque não faço. Sou tão errada quanto qualquer outro e não aceito o lugar daquela que aconselha. Se pudesse aconselhar diria para não pedirem meus conselhos. Sou tão confusa e contraditória que o que acho hoje certo, amanhã já se tornou erro.
Aos poucos fui vendo passar pela minha vida diversos tipos de pessoas e não foi preciso ninguém exclui-las de minha vida. Eu é que tive que escolher quem eu queria ter por perto. Tive e ainda tenho gente próxima que me fez muito mal, e gente que me fez muito bem. Eu poderia apagar elas, fingir que não existiram, mas tirar elas de minha vida é passar uma borracha na minha história. E isso eu não quero.
Então, quando me dizem que este ou aquele não são pessoas boas, eu me lembro que um dia eu também não fui boa e que eu tive alguém bom o suficiente para me olhar e apostar que as coisas poderiam mudar...Não me tirem o direito de acreditar e de apostar que é possível mudar, que é possível contruir uma história diferente daquela que as pessoas que já escreveram para nós.
Sei que meus braços não são grandes o suficiente para abraçar o mundo, mas neste momento eu gostaria que eles fossem o suficientimente grandes para abraçar aqueles que não são padrão, que não se encaixam e que por este motivo são tão especiais.
Para aqueles que o caminho não é fácil, para aos que procuram e muitas vezes não acham, para aqueles que são mau exemplo, para os que nem exemplo são. Não acreditem em tudo que falam. Não sejam o que esperam que vocês sejam.
Para aquele que me escreveu uma carta me chamando de amiga mãe, que me disse que eu entendia...Eu respondo. Eu não te entendo, mas aceito, aceito que não entender faz parte da vida e que para aceitar o que não se entende é preciso coragem.

Um comentário:

  1. Eu me sinto um pouco como vc. Não entendo, mas aceito. Todos têm o direito de escolher o caminho a seguir, e pra poder escolher com propriedade, têm que conhecer todas opções disponíveis. Fico muito triste quando alguém escolhe o caminho que aos meus olhos parecem o mais errado de todos, mas às vezes algumas pessoas precisam passar pelo caminho errado pra aprender e depois mudar de caminho, pena que nem todos conseguem voltar...

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